O cientista não é político
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O cientista não é político

Por Gilson Aguiar em 07/04/2021 - 09:10

Nestes tempos de pandemia há uma defesa dos cientistas. Diante de uma pandemia, quem teria os melhores argumentos para o enfrentamento do problema seriam os cientistas da área da saúde. Em especial os médicos infectologistas. O estatístico em alguns momentos seria importante ser consultado. Mas, a ciência tem espaço dentro da política?

Max Weber, pensador alemão do final do Século XIX e início do Século XX considerava que não podemos esperar do político um ato científico e nem do cientista um papel de político. Claro que muitos cientistas fizeram política e se faz política da academia. O que argumento é a base lógica das duas funções. Elas não se sustentam na mesma natureza. 

O homem público se faz dos confrontos das forças sociais, da legitimidade ou identidade que o poder político lhe agrega. Alguns são resultado da legalidade do poder e outros da lógica cultural que sustenta os valores de escolha da liderança. Nem sempre racionais e muito menos científicas. 

Nos atos diante da pandemia, o homem público age pela busca de sua permanência no poder. Usa de sua função legal e das relações de influência para atender os interesses de sua permanência. O cientista não tem esta preocupação e não é isso que se espera que faça. A racionalidade na análise do problema e o apontar de uma ação mais eficiente para conter a propagação do vírus não exigem a mesma lógica de quem está no poder. 

No Brasil, nossa história com a política é mais antiga do que com a ciência da saúde, do que com os médicos. Inclusive, vale lembrar que os primeiros profissionais de saúde que vieram para o país perceberam a força dos curandeiros e dos feitiços no tratamento de doenças. O charlatão era o médico. Sempre tem alguém com sua receita de cura miraculosa manipulando coisas, com rituais e crenças divinas. 

Não vamos menosprezar o político que age com racionalidade, ele merece respeito. Porém, se o líder político começar a receitar uma solução mágica para a cura da doença, terá uma influência sobre a atitude das pessoas. Mais que os médicos e seu conhecimento científico. Destes, muitos querem fazer um curandeiro.

 

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