Violência contra a mulher, uma pandemia
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Violência contra a mulher, uma pandemia

Por Gilson Aguiar em 14/05/2020 - 09:05

Ser mulher gera insegurança quando tem que se enfrentar os desafios da vida cotidiana. Por mais que se considere que avançamos muito em relação a igualdade de gênero, somos agressivos em relação a elas. Uma limitação notada nos mínimos detalhes da vida cotidiana. Agressões que se “naturalizam” e por muitas vezes são incorporadas como um “direito” sobre elas. É preciso dar um fim nisso.

A violência contra a mulher nem sempre se traduz em uma agressão física, por mais que esta cresceu e hoje chega a mais de 33 mil por ano, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A agressão psicológica, moral, pode ser tão devastadora quanto a física. 

Uma das contradições do olhar da sociedade sobre a condição da mulher no Brasil mostra nossos valores expressos em atos que compactuam com a agressão velada, associada ao dito respeito pela família e sua autonomia. Levantamento do próprio Ipea mostra que 91% dos brasileiros consideram que homens que agridem suas esposas devem ir para a cadeia. Porém, estes mesmos brasileiros, 63% deles, dizem que caso de violência doméstica contra a mulher de ser discutido por membros da família. O que significa que o velho ditado de que “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher” vale.

Atrás do conservadorismo pode existir uma agressão. Se consideramos que aqueles que respeitam a família enquanto instituição a ser preservada e mantida como base estrutural da sociedade, onde os valores máximos da vida coletiva são construídos, são os mesmos que defendem a submissão da mulher e sua subordinação aos desejos do homem, silenciando diante da agressão sofrida, estão enganados. Não caia nesse engodo. O agressor não é conservador é um risco a vida social, um problema. 

Que conservador é este que não paga as contas de sua própria casa, precisa que sua esposa divida as despesas domésticas, não é um provedor e sim sócio na provisão, e se acha no direito de impor sua vontade. Isto não é conservadorismo, é falta de caráter mesmo. As filhas deste mesmo agressor estão estudando, fazendo faculdade e pensam em ter sua carreira, não vão reproduzir nenhuma vida doméstica, mas já estão presenciando o perfil da mediocridade de muitos homens na forma como seu pai trata sua mãe. Realmente, ser mulher é um desafio diário. 

 

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