Capital não é o que você pensa
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Capital não é o que você pensa

Por Gilson Aguiar em 26/09/2024 - 08:30

Entre qualidade e quantidade.

Lucro e qualidade de vida combinam? Sim, mas não da maneira vulgar e simplista. 

Costumamos medir a riqueza pelo acúmulo de capital financeiro, produtivo. Veja o caso do Produto Interno Bruto, o PIB. Ele é a riqueza produzida e gerada por toda a nação, em todos os ramos da economia. Se tivermos produzido riqueza de algo que mata as pessoas, que destrua o meio ambiente e que propague o trabalho análogo a escravidão, vamos computar no PIB. Isso é justo?

É justificável medir a riqueza sem medir as consequências de sua concentração? 

Quando temos uma empresa educacional, uma instituição de ensino, medimos a lucratividade pelo rendimento que a empresa gera de alunos matriculados e pagantes, nunca medimos pela qualidade do ensino, pelos efeitos que essa mesma instituição gera na redução da violência, na melhora da qualidade de vida de maneira geral. 

Logo, a palavra riqueza, capital, está engessada na quantificação do potencial lucrativo medido de maneira quantitativa. Incapaz de medir o potencial de superação das limitações humanas ou da necessidade de regeneração e sustentação ambiental, o que é também capital. 

O que lucra nem sempre é o melhor negócio.

Podemos ter ambientes lucrativos que definham gradativamente e condenam a própria existência humana. Locais que produzem males de custo elevado e que se desdobram em problemas permanentes. 

Esta maneira simplificada de enxergar a economia tem se tornado um obstáculo ao investimento na qualidade humana e ambiental. Não se considera a superação dos dilemas sociais como riqueza e da saúde mental das pessoas como condição fundamental de produção. 

Acredita-se que o resultado é efetivamente a conta que se fecha no azul e não a manutenção das relações saudáveis e eficientes para a permanência de um empreendimento. Não se considera o potencial como condição de preservação, regeneração e qualificação, mas sim de lucro quantitativo a qualquer preço. 

Nesta mentalidade, estamos deteriorando os seres humanos e condenando o futuro. Estamos eliminando possibilidades de médio e longo prazo, pagaremos um preço por isso. Melhor, já estamos pagando.

 

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