Já ouvi de empresários que uma coisa é investir em terrenos, maquinários e estrutura para suas empresas. Isso é capitalizar, segundo eles. Contudo, quando o assunto é pessoas, seres humanos, muitos deles dizem “isto é gasto”. Ou seja, não se investe em pessoas e sim, para quem sofre de miopia empresarial, elas te trazem custos.
As pessoas são o maior capital de uma empresa. E o nível de satisfação ou insatisfação delas pode arruinar o negócio. E se isso acontece, quem está à frente da gestão é o maior responsável. Por isso, os que consideram fácil dizer que a dificuldade de fazer uma empresa crescer é falta de mão-de-obra qualificada, deveria pensar se o líder é qualificado.
Não adianta querer tirar o melhor das pessoas em um ambiente que tem o pior a oferecer. Isto não vai acontecer. Podemos trabalhar em condições estruturais deficitárias, mas conviver com gente desleal, arrogante, agressiva e egocêntrica é impossível.
Se fala em ESG, a sigla para ações sociais, ambientais e de governança nas empresas. Mas a questão social é o principal problema. E a governança tem muito com isso. Existe uma coisa chamada capital humano. Ele se deteriora com rapidez e acaba sendo a escassez para o enfrentamento de crises.
Um levantamento da Harbor Capital Advisors, consultoria de gestão norte-americana, analisando a satisfação das pessoas em empresas de capital acima de US$ 1 bilhão. Os dados apresentaram a realidade de colaboradores em 100 empresas que tinham o melhor índice de satisfação humana. A conclusão foi de que o crescimento destas empresas, em 5 anos, foi acima de 16%.
Sei que empresários falam que tudo o que se relaciona a melhora no tratamento de colaboradores é “passar a mão na cabeça”. Consideram que esta política de cordialidade e tratamento humanitário é perfumaria. Quem pensa assim está metendo a mão na cara e um dia provará do próprio veneno.
Melhor investir na qualificação, criar um ambiente ético e valorizar o bom desempenho, sabendo fazer a cobrança de produtividade com regras claras e transparentes. O que não significa brutalidade no trato. É possível fazer bem-feito e se ter resultado pela influência mais que pelo mando e ameaça.
Presenciei em uma empresa um colaborador chorando e seu líder imediato o humilhando publicamente. Satisfeito em se impor, o “chefe” não percebe que aos poucos constrói um campo minado em que irá explodir a sua volta e por todos os lados.
O humilhado foi demitido da empresa, mas a humilhação ainda está presente e ressoa na cabeça dos que ficam. E quanto mais a humilhação se repete, a regra fica clara. É melhor se preparar, agredir antes de ser agredido e buscar alguma forma de fugir da agressão.
A notícia de agressões constantes se espalha e todos sabem do mau-cheiro que exala da empresa e que pode ser sentido a quilômetros de distância por aqueles que divulgam a amarga experiência que tiveram. Ex-colaboradores rancorosos são porta-vozes das dores que carregam na triste experiência em uma organização. Cuidado!