Olhar que Julga: Como Nossos Valores Moldam a Realidade
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Opinião

Olhar que Julga: Como Nossos Valores Moldam a Realidade

Por Redação via Assessoria em 10/07/2025 - 15:30

A Ilusão da Neutralidade

Quando olhamos ao nosso redor, será que realmente enxergamos as coisas como elas são? Ou será que, consciente ou inconscientemente, filtramos o mundo por meio de nossas intenções e desejos? Muitas pessoas afirmam estar diante da verdade — dizem escutar, ver e observar aquilo que realmente existe. Mas até que ponto isso é verdade?

A percepção não é um espelho da realidade objetiva. Ela é, antes, um reflexo moldado por experiências, crenças e motivações. Aquilo que chamamos de “realidade” está, muitas vezes, revestido das cores das nossas próprias vontades. Enxergamos o que queremos enxergar — ou, mais precisamente, o que estamos predispostos a ver. Mesmo o olhar mais racional carrega uma inevitável carga interpretativa.

Nossos Valores São Lentes

Essa tendência à interpretação subjetiva está profundamente relacionada aos nossos valores, medos e crenças. Quando julgamos uma situação ou uma pessoa, há muito mais de nós nesse julgamento do que costumamos admitir. Aquilo que valorizamos, o que tememos ou mesmo o que desprezamos orienta a forma como priorizamos certas informações em detrimento de outras.

O que consideramos correto ou incorreto, importante ou irrelevante, justo ou injusto, não surge do nada: nasce daquilo que fomos acumulando ao longo da vida. E é justamente por isso que, ao observar qualquer fato, damos a ele um significado que diz muito mais sobre nós mesmos do que sobre o fato em si.

A Interpretação no Mundo Corporativo

Essa lógica não muda dentro do ambiente corporativo. Nas empresas, nas relações profissionais, nas rotinas de gestão, a forma como líderes e colaboradores observam uns aos outros também é afetada por essa carga pessoal.

O gestor que analisa o desempenho de sua equipe, por mais técnico que deseje ser, insere nas avaliações suas próprias intenções, expectativas e padrões de valor. Mesmo quando há esforço para manter o equilíbrio e agir com racionalidade, é impossível eliminar completamente o viés da subjetividade. Afinal, o “possível” nunca é o mesmo que o “absoluto”.

A Ética de Observar

Observar é mais do que ver — é interpretar. Por isso, devemos ter cuidado ao julgar, comentar, criticar ou tomar decisões baseadas apenas em nossa percepção. Sempre há uma parte de nós projetada naquilo que observamos.

Reconhecer esse limite não nos torna menos confiáveis ou racionais. Pelo contrário: torna-nos mais éticos, mais conscientes da complexidade humana e mais aptos a praticar a empatia e o discernimento. Afinal, entender o quanto de nós há no nosso olhar é o primeiro passo para ver o outro com mais clareza.

 

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