Todos tem interesses e nem todos são egoístas
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Opinião

Todos tem interesses e nem todos são egoístas

Por Gilson Aguiar em 13/05/2024 - 11:00

Meus interesses.

Sim, todos nós temos interesses. Te digo mais, fazemos as coisas por eles. Pode ser os mais altruístas dos atos, que o próprio dicionário afirme que seja “uma atitude desinteressada”, há uma busca e este é o nosso interesse. Fazer o bem é meta de muita gente, deveria ser a nossa em alguns momentos. Também é um interesse, quem se interessa por isso?

Logo, somos senhores de nossas escolhas, se buscamos uma ação, desejamos uma reação. Vivemos para realizar o que buscamos da forma que consideramos mais adequada. Pode até não ser, podemos nos dar mal. A consequência tem chance de ser o que não esperávamos, mas teve um interesse por de trás.

Se fosse colocar uma lista do que desejo na porta da geladeira ou na do guarda-roupa, com certeza, não seria pequena. Poderia ler todas as manhãs e me inspirar para o dia, buscar atendê-la e isso não seria egoísmo. Há muitos escritores de autoajuda que defendem esta ideia, colocar no papel aquilo que desejamos. Mas, se você é daqueles que não coloca no papel, deve ficar em sua mente.

Muitas vezes nós mudamos nossa lista, reorganizamos as prioridades. Veja, se vai nascer um filho, esperado ou não, a lista muda, algo novo fica no topo e o que vinha em primeiro vai ter que esperar. Acontece e irá acontecer geralmente.

Mas, os outros, onde entram em meus interesses?

Sim, é verdade, tem os outros. E sem eles, a sua lista de desejos seria inatingível. Também, é verdade, parte dela tem dificuldades de se alcançar por causa destes mesmos outros. As pessoas com quem nos relacionamos ou vamos nos relacionar podem ser superação ou impedimento para chegarmos aonde queremos.

A questão é: como lidamos com essa condição? Partimos para cima e vamos avançando independente de quem esteja em nosso caminho? Passamos por cima das pessoas como um “rolo compressor”? Tem quem defenda a ideia. E aí está o egoísta.

Para o egocêntrico a ação se justifica quando o interesse é a satisfação pessoal. Seja ela na dimensão que for, o EU em primeiro lugar. Não importa quem ou o contexto que envolve. Se dar bem é regra.

Contudo, os outros existem, são fundamentais e necessários. Pode ser insuportável ter que depender dos outros, porém e, contudo, eles dependem de você. Você também é “infernal” para muita gente.

Busque o que te interessa e entenda os interesses dos outros.

Sim, cada um de nós tem seus interesses e temos que conviver com isso. Podemos ter a lucidez de compreender a convivência e as relações estabelecidas na nossa vida ou não. Todos nos relacionamos em busca de algo. Logo, sem isso não há como mantermos relações duradouras e produtivas. O interesse move o mundo, não o interesseiro.

Isso se explica porque o interesse é condição existencial fundamental. Nele há o desejo de ser no mundo. Mesmo aquele que pretende ficar parado, sem agir, para não ter consequências que não pretende expressa seu interesse.

Então, a arte de viver é equilibrar o nosso interesse em relação aos demais, os outros. Saber a fronteira, o limite, a condição viável de podermos atingir nossos objetivos e não se tornar um invasor dos interesses alheios.

Uma boa dica, se é possível dar uma, é entender a necessidade de preservar as relações e as condições de nossa convivência com os demais. Ter consciência da importância da presença dos outros em nossas vidas e da ordem estabelecida em uma sociedade, a qual permite a convivência e as possibilidades de todos nós e de cada um.

Logo, busque o que te interessa. Contudo, não transforme o seu interesse em arma destrutiva na convivência com os outros. Você acabará perdendo os meios de chegar onde deseja e de ser o que almeja.

 

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