Seremos substituídos, mas, quem?
Ontem participei de um debate sobre o profissional do Século XXI. Tecnologia estava no centro da discussão. A questão que não quer calar é se a tecnologia irá substituir as pessoas. Claro que sim. Não há dúvida.
A grande questão é que parte considerável da sociedade tem baixo desenvolvimento no potencial produtivo. Muitos se dedicam a aprender técnicas, não se dedicam ao conhecimento de fato. Para estas pessoas a tecnologia é uma ameaça.
Contudo, nem tudo, e, portanto, para outros, poucos, não há como substituir um ser humano. Como diz Rousseau, o filósofo do Iluminismo, se o gato gateia, o sapo sapeia, o ser humano nunca será o mesmo. Ao ponto que ele se redefine ao longo do tempo.
Lições de Rousseau ao Castelo Rá-Tim-Bum
Mas, a fala de Rousseau é para um ser humano que seja capaz de construir, criar, transformar e não só reproduzir. O ser criador precisa ser maior do que a criatura que criou. Muitos de nós não são. Pequenos, os seres humanos, em média, se deixam engolir pela tecnologia.
Há 30 anos que passava a série Castelo Rá-Tim-Bum na TV Cultura. História de uma família de feiticeiros, Nino era o sobrinho de um casal que tinha no feitiço sua profissão de vida.
Em um especial feito para o cinema, o personagem central, Nino, queria aprender um primeiro feitiço, para isso ousou roubar um do livro de sua tia. Se deu mal, fez o feitiço e não soube desfazer.
Hoje, a tecnologia são os feitiços que estão disponíveis, muitos desejam tê-los, poucos sabem fazê-los ou desfazê-los, na mesma proporção os que dominam a criação e não são engolidos por ela.
Mas, para não ser devorado pelo feitiço da tecnologia e utilizá-la a seu favor, há que ser feiticeiro, dominar a ciência, ter o conhecimento, ter profundidade no que faz. Fazer da tecnologia uma extensão de sua sabedoria, a varinha de condão e não o monstro dominador e destruidor de nossa existência.