O espetáculo eleitoral e eleitor superficial

Quem nos representa? Estamos próximos de escolhermos os representantes públicos municipais. Não podemos esquecer que eles são fruto de nossas escolhas. Eles dizem muito do que somos. Seu comportamento, suas prioridades, sua forma de se posicionar diante dos problemas que atingem o cidadão, literalmente o morador da cidade. 

Ficamos espantados esta semana com o comportamento dos candidatos à prefeitura de São Paulo. Datena jogou uma cadeira em Pablo Marçal, durante um debate na TV Cultura. As ofensas entre os dois já vinham de longa data, mas não só. As trocas de farpas sobre a vida privada e a moral baixa caminham juntas.

Violência desmedida como resposta a ofensas pessoais. A vida íntima servindo de tema em um debate onde a população busca saber quem são os seres humanos que se propõe a representá-los. 

Tem quem goste de barraco.

A ironia é que não adianta elevar o tema a ser discutido, e os mediadores tentam. Porém, o tema sempre cai na vida pessoal e nas ofensas desmedidas, elas tomam conta da pauta. Pior, encantam o eleitor. E é disso que desejo falar. 

Há alguém que valida este comportamento, e este é o eleitor. Logo, o show de horrores tem seus idólatras, seus dedicados fiéis. A falta de conhecimento lógico faz emergir o ignorante sensacionalista e o alucinado agressor da dignidade, senhor do manual de receita pronta. 

Logo, não podemos inocentar o eleitor. Ele não está sendo manipulado, ele faz escolhas. Os que se colocam à sua disposição querem o seu voto, fazem o que podem para tê-lo. E se tem, é porque os desejamos. 

Não podemos deixar de considerar que confundimos liberdade com falta de educação. O direito a se expressar se confunde com o poder falar o que quiser, de quem quiser e onde desejar. A pobreza de conteúdo deixa sair da boca a mais tola lógica. 

Por isso, este alucinados que protagonizam o espetáculo da alucinação se apresentam para uma plateia, cuja parte considerável os aplaude de pé.