Líderes podem ser um espantalho
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Líderes podem ser um espantalho

Por Redação via Assessoria em 26/11/2025 - 08:00

A sabedoria popular nos ensina que "o hábito faz o monge". No ambiente corporativo, essa máxima se traduz em uma realidade dura: a cultura de uma empresa é, inegavelmente, um reflexo do comportamento de sua liderança. E o impacto dessa dinâmica é alarmante.

Estudos e levantamentos contínuos no mundo corporativo revelam um padrão devastador: 8 em cada 10 pedidos de demissão têm sua origem na decepção com o líder imediato. A insatisfação com quem está no comando se tornou o principal vetor de desincentivo, desengajamento e, por fim, a causa direta de desligamentos e avaliações negativas que corroem a base de qualquer organização.

 

O Verdadeiro Foco da Crise: A Pessoa Por Trás do Cargo

 

O líder está, sem dúvida, no centro das atenções. Mas a discussão crucial não é sobre sua capacidade técnica de gerenciar ou cumprir metas. A questão fundamental reside no comportamento da pessoa que lidera.

Não se trata apenas de desempenhar o "papel de líder" conforme a descrição do cargo. O que realmente define uma liderança saudável ou tóxica é a forma como o indivíduo se expressa em sua função, a maneira como ele constrói as relações e, sobretudo, os valores e princípios que carrega como ser humano.

Quando as atitudes de um líder são associadas a padrões de comportamento, valores morais e éticos que entram em conflito com a cultura da empresa, ou quando são agressivas e desrespeitosas em relação àqueles que o cercam, a função de liderar falha em seu propósito mais básico.

 

O Poder Subversivo da Ofensa Sutil

 

A conduta antiética raramente é exibida de maneira explícita. Um líder preconceituoso, por exemplo, jamais fará uma declaração aberta e frontal de seus preconceitos no ambiente de trabalho. Isso seria um ato de transgressão escancarada.

O grande perigo, e o que realmente causa o dano mais profundo, reside na sutileza. O comportamento tóxico se manifesta nas entrelinhas, nas pequenas brincadeiras de mau gosto, no tratamento desigual, na postura e nas expressões menores do dia a dia. É nesses detalhes que o líder ofende, segrega e mágoa, muitas vezes sem nunca ter dito uma palavra abertamente condenável.

A mágoa mais intensa não nasce de uma única declaração chocante, mas sim da atitude cotidiana que fere de forma constante. A dor é amplificada porque o dano é contínuo e, pior, o líder jamais admite ou reconhece o sofrimento que causa.

Para que a cultura organizacional floresça, as empresas precisam ir além da gestão de performance e focar na integridade e no preparo ético de seus líderes. A retenção de talentos e a construção de um ambiente saudável dependem, em última instância, de líderes que incorporem os valores da empresa em seus hábitos mais básicos.

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