Cultura é teia que nos prende

Max Weber considera que a cultura é uma teia de relações na qual nós estamos envolvidos. Logo, não há um ser que pratica atos considerados bons ou ruins, que seja benéfico ou nocivo em suas intenções somente por si. Há que ter outro que contribua, que estimule nossos interesses.

Não há como fugir de outras pessoas. Elas estão por todo o lado e nos lembram a todo o momento que não estamos sós. Não podemos viver sozinhos. São elas que nos estimulam e abrem oportunidades para o melhor e o pior. Pessoas são o sentido do que desejamos. Estamos solitários na existência e, ironicamente, não vivemos sozinhos. 

Podemos não conseguir transferir nossas vontades e sensações, mas não realizamos sozinhos nossas intenções.

Toda a maldade tem sua parceria

Por isso, o bem e o mal tem a parceria com outra pessoa. Por isso, a permissividade que praticamos ou o ato abusivo que estabelecemos tem seus cúmplices e seus sócios. Podemos administrar escolhas e decidir sobre intenções, mas há sempre um outro dentro ou fora de nós contribuindo para nosso ato.

Logo, a cultura é um saber que só tem sentido em comunidade, na relação com mais alguém, uma outra pessoa. Este que compactuamos as intenções. Ela é a expressão dos valores comuns estimulados por nossas relações diárias.

Por isso, nunca considere que as pessoas que praticam atos considerados nocivos estão agindo de forma deliberada, não há intencionalidade que se realize sem reciprocidade, há cumplicidade. Há um ambiente que permite e estimula a ação, seja ela boa ou ruim.

Podemos administrar nossos atos, mas ele só se torna uma escolha quando a possibilidade existe. 

Então, antes de considerarmos a necessidade de pessoas melhores para conviverem em nosso ambiente, precisamos conhecer e reconhecer a qualidade do ambiente que temos. Talvez, ele seja o problema. 

Acreditamos que a conduta dos seres humanos é determinante na nossa vida para ela ser melhor ou pior. E nós, somos vítimas dos outros ou contribuímos e agimos para piorar a situação?