Saneamento ressalta a desigualdade do país.

O Brasil ainda tem mais de 49 milhões de habitantes se atendimento adequado de esgoto e 4 milhões e 800 mil sem água encanada.

A grande maioria das cidades que apresentam estes números estão no Nordeste. O principal estado é o Piauí em índices negativos sem saneamento.

Do outro lado da “moeda” ou da tubulação, estão as cidades do Sudeste e Sul. Dos mais de cinco mil e quinhentos municípios brasileiros, 739 tem sistema de abastecimento de água adequado.

A diferença histórica do desenvolvimento regional brasileiro persiste.

Saneamento faz toda a diferença.

Lembrando que saneamento básico é obra permanente e não definitiva. O que se constrói hoje não será o suficiente para atender a população que cresce significativamente nos centros de maior atração de investimentos e pessoas.

Um dado simples para se pensar na complexidade do tema é que as cidades brasileiras com maior crescimento populacional e expansão do mercado imobiliário tendem a verticalização.

Hoje, três cidades do país já apresentam mais apartamentos que casas como residência. Santos tem 63,5% de suas moradias apartamentos. Na sequência vem Balneário Camboriú, 57,2% e São Caetano com 50,8%.

Cidades com este perfil precisam mudar a capacidade de saneamento e abastecimento público por metro-quadrado devido a concentração populacional.

No outro extremo, cidades sem crescimento ou atração de investimentos vivem o esquecimento de uma população permanentemente em condição de risco. Nestes locais o futuro não chega e o saneamento é um dos “cartões de visita” para esta condição.

Não há riqueza sem saneamento.

Um dado relativo à produtividade para se ter dimensão do que representa a falta de saneamento na produtividade vem do Instituto Trata Brasil, os dados são de 2014, 217 mil trabalhadores se afastam do trabalho por ano por causa de doenças gastrointestinais provocadas pela falta de saneamento básico.

Precisamos ficar atentos a estes números e ter em mente a necessidade da pauta deste tema nas eleições municipais. Há muito mais em jogo do que se imagina quando se fala em infraestrutura básica urbana.

Saneamento básico é compromisso com a vida, e os números demonstram isso. Onde há saneamento se gera condições de crescimento de possibilidades e oportunidades para o futuro.