A facilidade mata o valor.
O que faz com as pessoas fiquem o tempo todo com os celulares nas mãos acessando aplicativos, conversando, buscando informações e se distraindo com jogos digitais. Hoje, mas de 80% das operações feitas na internet são através dos aplicativos móveis, celulares ou smartphones.
Por isso, o que era um meio de comunicação virou uma finalidade. As pessoas não estão mais interessadas em outras pessoas se não for intermediada pelo dispositivo digital. Você existe dentro do ambiente virtual.
Bom, a existência deste meio de comunicação e informação móvel, objeto de distração e registro de nossa existência não nasceu com a humanidade. Não está em nossa trajetória como espécie. Vivemos grande parte de nossas vidas sem este dispositivo chamado celular ou smartphone.
O pré-histórico orelhão.
Você se lembra dele, o chamado “telefone público”? Ele já foi um educador vital em relação a importância da comunicação. Nos deu aulas de prioridade de contato entre pessoas fazendo com que a distração com conversas obsoletas fossem uma falta de educação.
Quem tem uma certa idade se lembra, a fila de espera para o uso do “orelhão” poderia ser um ambiente de guerra quando determinadas pessoas ficavam penduradas no aparelho conversando por horas.
Os que usavam eram pressionados a serem rápidos, os que estavam esperando se perguntavam constantemente será realmente necessário ligar para outra pessoa. Assim, o nosso tempo era escasso para ser jogado fora em falas de banalidade.
Contudo, havia os que se dedicavam a banalidade nos telefones públicos e se tornavam inimigos da multidão enfileirada a espera de sua vez que nunca chegava.
A banalização da comunicação.
Agora, se comunicar com alguém virou algo banal. Porém, sentimos uma solidão maior do que nos áureos tempos do telefone público. Parece que poder ligar não significa ter alguém querendo te ouvir.
Ironicamente, cada um tem um aparelho de comunicação, vive acessando, cheio de informações e contatos, na mesma proporção, nos sentimos mais solitários do que no passado, onde a disputa por uma linha telefônica era um fato.
Ah, aqui vai alguns números para quem é curioso, o Brasil tem ainda em funcionamento quase 50 mil telefones públicos. O Paraná é o segundo estado com o maior número destes aparelhos, 2.208. São Paulo tem a maioria deles, 27.962. Nas cidades do Estado, apenas as pequenas não têm um aparelho, dos 399 municípios, 61 estão desprovidas de um saudoso orelhão.
Tem um perto de casa e, sinceramente, eu nunca reparei.