Não somos um objeto.
Ontem acompanhei uma apresentação sobre dados em relação ao comportamento dos alunos no Ensino Superior. Um deles foi sobre evasão. Me espantou saber que 50% dos acadêmicos desistem do ensino superior no primeiro ano.
Fiquei assustado com o índice. Mais ainda que o fator determinante além da condição financeira e a dificuldade de acomodar os estudos com a necessidade do trabalho é o sentimento de ser apenas mais um dentro de um sistema de ensino.
Quando os alunos sentem dificuldade com o cotidiano da instituição são atendidos por máquinas ou pessoas que os trata como mais um.
Pelo jeito, a massificação incomoda.
Empresas rastreiam seres humanos por sistemas de algoritmos e classificam mecanicamente o perfil dos que devem ou não serem incluídos ou excluídos. Os diálogos são pré-estabelecidos e programados. Parte considerável do tempo não se está falando com pessoas, mas com máquinas. As mensagens nos aplicativos de comunicação pessoal substituíram o encontro com um ser humano.
Cada vez mais faltam pessoas em nossas vidas.
Quando se fala em educação, em escolas, se fala de pessoas. Da ciência que é a maior obra humana sobre a terra. Ela é um instrumento de resposta e de aperfeiçoamento humano. Não há aprendizado sem humanidade, sem sentido. Se aprende na dor porque há emoção, assim como se aprende no amor.
A experiência humana ainda conta e o que nós podemos perceber daquilo que vivenciamos não pode ser traduzido por uma máquina, por nenhuma lógica computacional, por uma “inteligência artificial”.
Queremos nos relacionar com seres humanos. Quando preferimos a previsibilidade das máquinas há contradição humana estamos enterrando a possibilidade do aprendizado com toda a riqueza de suas emoções.
Quanto mais as máquinas avançam na medida de satisfação do desejo da particularidade, menos resilientes ficamos e mais intolerantes somos.
Querem transformar a escola em uma fábrica e isso não vai acabar bem.