Amor do que falta.
O amor é palavra cotidiana, comum. Sai da boca todos os dias e às vezes não é dito quando mais se devia. Amar é palavra generalizadora, inclui e exclui sentimentos. Há quem denomine “amor” sem compreender o seu verdadeiro significado. Logo, o que é o amor?
Se buscarmos na filosofia um sentido, pensadores buscaram defini-lo.
Platão considerava que o amor era “eros”. Amor se tem por aquilo que falta. Amamos o que não temos, amamos no outro o que em nós não existe. É muito comum encontrar quem diga que um bom casal que ama é aquele que se completa, o que um tem o outro não. Será?
Quem não sentia a necessidade de amar era o andrógeno, seres que tinham em si duas cabeças, quatro braços e quatro pernas, mas também tinham os órgãos genitais masculino e feminino. Era um ser que não amava, e tinha o poder de se amar ao ponto de não precisar do outro.
Amor do que me é igual
No amor de Aristóteles se tem o que denominamos “philia”, o amor que compartilha. O amor por si que se reconhece no outro. O amor que se reconhece na convivência, na existência harmônica. Aquilo que somos capazes de sentir por quem nos identificamos. Não aquele que nos nega, mas nos valida e se torna cúmplice no mesmo ato.
Porém, há um outro amor, o amor Ágape, o amor sem querer nada em troca. Não precisa ser completado, não precisa ser retribuído, ele apenas ama. A satisfação está no ato de amar. Um amor de doação que aquele que o tem e sente satisfação em satisfazer o outro. O que seria o amor ensinado por Cristo.
Contudo, é preciso considerar que no amor Ágape, quem ama o outro sem querer nada em troca deve amar a si mesmo. Porque se quer ao outro aquilo que se quer a si mesmo. Se fará para o outro o que a ti considera justo.
Logo, se me amo naquilo que sou, sou capaz de amar o outro no que ele é. Como diz Emmanuel Levinas, amar a face do outro.
No fundo, sentimos em momentos distintos e formas diferentes o que denominamos de amor. Se soubéssemos qual destas definições é aquilo que está dentro de nós erraríamos menos em considerar que se espera de quem diz amar a mesma coisa.