Na galeria de heróis não estão todos.
No banco da escola nos apresentaram os heróis pátrios. Personagens considerados um exemplo de conduta e responsáveis por grandes feitos na formação do país. Senhores “acima de qualquer suspeita”.
Pedro Álvares Cabral, Dom Pedro, Tiradentes, Deodoro e Getúlio, estes são alguns dos heróis nacionais. Claro que muitos outros cabem aqui.
Assim é a galeria dos líderes pátrios. Uma sequência da qual devemos nos “curvar” diante do bom exemplo. Buscar no comportamento uma inspiração. Será?
O perfil dos “benfeitores” é masculino e branco, na prática um estereotipo que se adota como padrão e expressa aqueles que dominam como um exemplo da estética do ser humano ideal. Na prática, alguns nem eram como no retrato.
Te mais gente por aí que fez muito e poucos conhecem.
Mas, tem gente de fato que não é conhecida. Tem feitos que ficam esquecidos e se quer constam dos livros de história ou estão disponíveis de maneira acessível para que possamos conhecer e rever nossos mitos nacionais.
Um projeto da Unicamp, chamado de Olimpíada de História, traz à tona heróis de todo o país que fizeram muito e não são lembrados.
Um deles é Alzira Soriano, nasceu no Rio Grande do Norte, em 1897, e foi a primeira mulher a assumir uma prefeitura na América Latina, em 1929, na cidade de Lajes. Não se manteve no cargo por causa da Revolução de 30. Ela conseguiu chegar ao poder com 60% dos votos.
Um feito fantástico em um tempo de coronéis e votos marcados pelo mando masculino. Em um país onde as eleições eram manipuladas e o comando da política local era a expressão do patriarcalismo agrário.
Alzira Soriano não está na galeria dos heróis aprendidos na escola, mas ela é fato e de fato um exemplo de protagonismo daqueles que geralmente são esquecidos.
Sempre é bom lembrar que há inúmeras Alziras por aí.