Liberdade de expressão é um direito de todos.
Somos livres? Se desejamos a liberdade, sabemos lidar com ela? Agora, estamos em tempos de eleição. Se fala em direitos e deveres, na liberdade de escolha, e como podemos exercer a cidadania. Mas, é isso que temos de fato?
A liberdade para ser exercida exige conhecimento. Saber onde se está e o que se deve fazer. Contudo, há limitações de informações para que possamos tomar uma decisão. Mais que isso, o que desejamos pode se transformar em ato de escolha? É possível fazer o que se quer?
Temos, por exemplo, a liberdade de pensamento. Devemos exercê-la. Ser livre para expressar o que se pensa é algo fundamental em uma sociedade democrática. Se desejamos ter o direito de refletir e expressar nosso pensamento, não podemos esquecer que os outros também têm o mesmo direito.
Estamos preparados para ouvir ou só falar?
O problema, é que quando o que temos o direito de fazer os outros também têm, uma parte dos seres humanos se sentem atingidos pelo mesmo mal que provocam. Se nossa liberdade de expressão pode atingir os outros, eles, estes outros, também podem nos atingir. E disso vem a questão, temos que pôr limites à liberdade de expressão?
Se queremos falar tudo o que temos vontade, essa nossa vontade, que também está nos outros, legitima o desejo dos outros de se expressarem. Podemos ser alvo das críticas que nos são feitas e reagir a elas. Desta forma, a liberdade dentro da sociedade como direito, seja ele normativo ou considerado natural, gera conflitos.
Somos uma sociedade de conflitos. A complexidade da nossa organização social não nos permite outra forma.
Logo, o que temos que aprender é a conviver com os opostos. Saber lidar com a diferença e gerar um campo de convivência, em alguns momentos de entendimento, daquilo que não se tem acordo. E este é um princípio da democracia. O direito a conviver com o contraditório.
Ignorantes e intolerantes também são livres
O grande problema da liberdade na atualidade é a intolerância e a ignorância. A primeira, a intolerância, porque desejamos impor nossas ideias e transformar os que se opõem em inimigos permanentes e generalizados. Do outro ponto, a ignorância, é a desinformação que as pessoas têm em relação ao que debatem, ao que desejam opinar.
Os meios de comunicação se ampliaram e facilitaram a expressão de ideias com um alcance extenso e intenso. Quantas pessoas têm acesso a informações e quantos meios para dialogar, informar, receber respostas, gerar enfrentamento.
Se vivemos em um mar de agressão por causa da liberdade, não podemos questionar os meios, mas devemos estar sempre cientes de que a permanência do convívio social é fundamental. Não há como exercer a liberdade e produzir uma vida livre restringindo o direito de se expressar as pessoas.
Pensar antes de falar e aprender a ouvir antes de se manifestar
Por fim, as pessoas deveriam estar mais propensas a entender que há diferenças, que não somos os senhores da verdade, que existem outras pessoas e suas razões.
Este é um desafio em um ambiente social marcado pela elevação do indivíduo, de seu sentimento de centralização, de valorização absoluta, de que é a medida de todas as coisas. Logo, em uma sociedade que se percebe tanto a existência de tantos outros. Nunca vivemos um tempo em que estamos e fazemos parte de uma multidão.
Mais uma vez, o apelo é a boa comunicação. A capacidade de ouvir o outro e perceber que sua importância não está em concordarmos, mas em respeitarmos a opinião alheia, de conseguirmos aceitar que o direito do outro se manifestar legitima o nosso próprio direito à manifestação.