O Brasil apostou nas rodovias e abandonou os trens, hidrovias e tem um transporte aéreo de alto custo. Esse é uma questão histórica. O personagem central desta decisão é o presidente Juscelino Kubitschek, considerado o grande responsável pela troca de prioridades na logística nacional. Mas, muito antes dele, Washington Luiz já demonstrava sua simpatia pelas rodovias no final da década de 1920.

Agora, ficamos no impasse e na dependência de uma das maiores malhas rodoviárias do mundo e uma das menores ferroviárias proporcionais ao território. Estamos distantes de uma solução sólida para a logística nacional que envolva o transporte de produtos e pessoas.

Não podemos esquecer que as rodovias transportam 80% das pessoas e 60% das mercadorias do país. Aliado a este dado, apenas 12,4% da malha rodoviária é pavimentada. Uma associação de dependência e risco. Lembrando que a frota de veículos aumentou mais de 63% em 9 anos. Os dados estão no site da Confederação Nacional do Transporte (CNT).

O agravamento das condições das rodovias que levam ao litoral paranaense e catarinense nas festas de fim de ano e nesta temporada devem ser entendidas diante destes números apresentados. Há um risco real que colocamos a população que se agrava a cada ano.

Vale lembrar que as rodovias estão construídas, quando nas regiões de serra por exemplo, como as que levam ao litoral, em áreas de risco. Foram feitas serpenteando encostas que tem ao longo do tempo geram deslizamentos, ainda mais quando há desmatamento nas áreas as margens das rodovias.

Temos que gerar um planejamento logístico de longo prazo para responder definitivamente aos problemas que estamos vivendo hoje. Buscarmos deslocamentos mais seguros, sustentáveis e eficientes. Ficar relatando diariamente um grande número de acidentes e desastres ambientais que envolvem rodovias é ter a prova irônica do estrangulamento do modal rodoviário.