A empresa não é uma família
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A empresa não é uma família

Por Gilson Aguiar em 17/05/2024 - 08:00

A empresa é a cara do dono.

Sim, isto mesmo, como um filho, muito do que a cultura de uma empresa apresenta, seu sucesso e insucesso estão ligados ao perfil de quem a fundou.

Falo mais, mesmo depois da empresa ser bem-sucedida nos primeiros anos, ganhar corpo, forma e ter mais e mais pessoas envolvidas, ela continua sendo o perfil do dono. E nele, há muito da inspiração, engajamento ou abandono das questões que envolve o empreendimento.

É os valores estabelecidos na fundação da empresa, das práticas que a iniciaram, da maneira como ela surge no mercado e atua com fornecedores, clientes e funcionários que lhe expressa seus valores. O fundador tem uma relação direta com isso.

Quando é familiar a cultura pode ser um risco.

Se a empresa for familiar, a situação é mais tensa e intensa. De certa forma, todos os envolvidos na empresa estão na “macarronada familiar de domingo”.

Alguns funcionários estão na família até de “corpo presente”, os mais “chegados”, com mais influência. Estes, podem até não ter cargo de liderança na empresa, contudo, tem um poder maior. Usam de sua proximidade e intimidade para garantir seus interesses.

Quem não está presente vira o assunto entre uma “garfada e outra”. A prática tem tal influência na vida cultural da empresa que já é absorvida no cotidiano. Todos os envolvidos sabem do ritual familiar e seu poder sobre as pessoas. Logo, se torna uma cultura na empresa saber ou não “jogar o jogo”.

Pessoas eficientes não toleram passionalidade.

Uma empresa com este perfil cultural terá dificuldade de conduzir a razão lógica das decisões a serem tomadas na empresa. Se deixará contaminar pela passionalidade das relações afetivas e se pagará um preço caro com limitações e insucessos nos negócios.

Este perfil de negócio acaba por afugentar pessoas com talento, competência e busca de reconhecimento pela eficiência profissional. São profissionais que não estão dispostos a conquistar prestígio jogando o jogo do “poder paralelo” dos vínculos afetivos estabelecidos pelas famílias.

Por isso, uma cultura empresarial é importante, ela precisa ser mapeada, definida e ter um perfil eficiente como empresa, porque ela não é uma família, principalmente os seus conflitos. Profissionalizar uma empresa não significa abandonar sua história e desumanizá-la.

É possível construir um ambiente eficiente e que seja justo sem ter que agir de maneira impessoal. Pessoas gostam de serem valorizadas, mas pela sua eficiência profissional e não pelos vínculos ou princípios pessoais que se afinam ou não com a passionalidade do fundador e sua família.

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