Liberdade tem valor onde todos podem escolher
Como podemos conciliar a liberdade com a convivência, se ela é para todos e, ao mesmo tempo, é para cada um. Todos temos nossos próprios desejos. Às vezes um quer, o outro também, e nem sempre é possível conciliar os interesses distintos sobre as mesmas coisas.
Não é por acaso que os conflitos são cotidianos e é condição fundamental em uma sociedade de pessoas livres. Interesses diferentes e manutenção da convivência é um dos nossos grandes desafios. Porém, este é o preço da liberdade.
O que é mais encantador, é que só podemos ser livres e ter a satisfação da realização por existirem os outros. Não haveria opções se não houvessem aqueles que nos permitem tê-las e realizá-las. A diferença nos dá a possibilidade de escolha. Sem os outros, seríamos livres?
Quem deseja viver em uma sociedade de seres humanos livres, terá sempre a contrapartida de conflito de interesses. Ter a opção é a condição que se deseja, porém, é expressão da oposição de interesses. A própria condição da escolha demonstra a ausência de unanimidade. Queremos a concordância, mas vivemos da discordância.
A unanimidade é burra.
Aqui, temos outro problema, a unanimidade, que tanto desejamos para nos sentir com segurança e razão, é a expressão da limitação de entendimento sobre o que existe. Se não há mais de uma forma de se observar uma situação é sinal de que a estamos vendo de maneira parcial, distorcida e equivocada. Podemos ser injustos ao agirmos assim.
Mesmo na busca de justiça, é no contraditório, no conflito em busca do esclarecimento dos fatos, que vamos desenhando os acontecimentos, reconstruindo a cena do crime, entendendo os interesses envolvidos nos atos e nos fatos, por fim, aplicamos a norma, a qual também foi fruto de mudanças graças aos conflitos de interesses.
Logo, mudar é aprimorar, buscar ser melhor, o que é resultado de visões distintas sobre as coisas e aprimoramos a condição em que vivemos a partir da liberdade de expressão, opinião, de compreensão da realidade. Esta é a liberdade, leve pelas escolhas e pesada pela responsabilidade do que escolhemos.