Por que a grama do vizinho é sempre mais verde? Por que o olhar sobre a vida das outras pessoas aponta nossas carências e a comparação é quase sempre cruel? Quando estamos vivendo um momento crítico, a vida alheia parece um “mar de rosas”. É?
No mundo da fantasia anunciada nas mídias a perfeição é possível e não real. Em quase todos os casos a exposição é maquiada para pegar o melhor foco, sempre o nosso “melhor lado”. Logo, a comparação com a perfeição estética e enlatada é cruel.
Perdemos a noção do humano. Daquilo que é comum a todos, a contradição. Não há ganhos sem perda e o discurso do ganha-ganha é mais uma retórica para aliviar as perdas do que uma realidade nas relações que estabelecemos.
Buscar melhorar não significa ser perfeito. O que vale sempre é estar pronto para a mudança e não se deixar levar pela perfeição inatingível. Não por caso o número de deprimidos aumenta gradativamente. Logo, ficam angustiados e, alguns, deprimidos. Tem até, infelizmente, que resolva dar cabo de si mesmo por não ter atingido a falsa meta da perfeição feliz possível.
Ninguém é medida perfeita. Não há um padrão comum de satisfação ou felicidade. Vidas são particularidades e nos construímos em uma convivência coletiva. Cada um de sua forma, sem uma definição comum que seja ideal. No fundo somos nós que idealizamos os outros. Estes seres perfeitos que projetamos no alheio não existem.
Logo, cuida do seu quintal e aprenda a conviver com os vizinhos. A grama do outro não está aos seus cuidados, cuide da sua. Não transforme o foco na vida alheia uma maneira de escapar do que realmente importa, ser você mesmo.