A realidade debaixo do tapete
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Opinião

A realidade debaixo do tapete

Por Redação em 02/12/2024 - 08:00

Igualdade não é estética.

Perceptível a mudança de expressão de valor nas campanhas publicitárias, nas produções cinematográficas, novelas, seriados, enfim, na expressão midiática cotidiana. 

A questão racial e de gênero são expressas como temas de reportagens em diversos meios, nem todos, mas demonstram uma busca de expressar a igualdade, a superação do preconceito, a declaração de valor por quem sempre sofreu discriminação.

João José Reis, cientista social e pensador baiano, defende uma luta da população afro na busca de resgatar sua história. Defende Reis que as minorias devem pegar nas mãos as rédeas de sua história e demonstrar, denunciar, a vida que se leva e a lutas que se tem para a superação da desigualdade.

Porém, nada disso pode ser estético. A questão racial, a igualdade de gênero, o combate a violência contra a mulher e a homofobia, são reais. Os números que demonstram estes problemas são evidentes. Inclusive, em alguns destes casos, crescentes.

Preconceito e violência são reais e não virtuais.

Em um país onde 60% dos brasileiros consideram que o país é racista, houve um aumento no número de denúncias de atos de racismo, 127% em 2023. Os estados com maior número de ocorrências foram o Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná. A injúria racial aumentou 13%. Os dados são do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Não podemos considerar que a superação do preconceito seja apenas uma questão estética. Há que se mudar o comportamento, temos que incorporar a expressão do ideal em vez de praticar o mal. 

O perigo que corremos hoje é o de considerarmos que a estética do comportamento desejado se dá porque é anunciado. O que demonstramos para os outros nas redes sociais, por exemplo, é distante da realidade. Muito do que se divulga é a fantasia que dá a sensação da realização do que nunca se realiza. O preconceito e a violência, por exemplo.

Logo, cuidado, entre o que se divulga na estética da produção da mídia como igualdade e respeito, pode ser um ideal que não é prática corrente. Por sinal, o dia a dia, a vida em sua objetividade, raramente é divulgada de maneira adequada nas mídias sociais. A verdade virou a sujeira que se nega empurrando para baixo de um tapete vistoso e enganador.

 

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