A violência cresce ou nós a cultuamos?
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A violência cresce ou nós a cultuamos?

Por Redação em 03/12/2024 - 08:00

A indústria da violência.

Sim, nós temos medo. A convivência em sociedade tem tensões. A violência parece mais próxima. Mas, será que está mesmo crescendo?

Todos os dias assistimos ao espetáculo da violência. Os telejornais, principalmente, mas as imagens também estão espalhadas nas redes sociais, mostram atos de violência constantes. Há páginas na internet especializadas no culto à desgraça. 

Cultuar a morte se transformou em atração ao público. No noticiário na TV o apresentador ou apresentadora tem entre as notícias o recheio chamativo da câmera que flagra a morte estúpida. Há também as inúmeras cenas dos acidentes de trânsito.

Logo, na percepção dos que assistem diariamente os noticiários, a violência está aumentando. A agressão está se multiplicando e é comprovada pelas imagens indiscutíveis do caráter maléfico do ser humano. As imagens não mentem e provam o quanto a violência está aumentando.

A diferença entre a sensação e a realidade.

Acredito que há que se considerar que filmamos cada vez mais a violência que antes permanecia oculta ou desconhecida para um grande número de pessoas. A agilidade dos meios de comunicação permitiu fazer do acontecimento local um fato nacional. 

O mais impressionante aqui é o quanto vamos alimentando o medo. Consideramos que a carga de imagens da agressão nos terá como personagem principal em breve. A tragédia com o outro logo cairá sobre mim também, seria o próximo e a violência me espera na próxima esquina.

Assim, vamos nos preparando para uma violência que estatisticamente tem probabilidades menores de ocorrer. Na lógica matemática o risco não é alto, mas o medo faz as pessoas se prepararem para o que consideram iminente, a agressão.

Por isso, assistimos a ação de muitos de atirar primeiro e perguntar depois. A lógica de agredir para não ser agredido e resolver com agressão o que não precisava de ato extremo. Por consequência a agressão se multiplica. Cresce o risco não por ele existir na proporção que se espera, mas porque esperando, somos agressores que justificam seu ato pela defensiva. 

 

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