Reclamamos de que não somos ouvidos, mas também não falamos. Não participamos dos órgãos públicos e instituições da sociedade civil organizada. Daquilo que nos diz respeito, que deveríamos ocupar para expressar nossos interesses e descontentamentos. Mais que isso, lugares que são fundamentais para podermos decidir.
Há estes espaços. Conselhos, assembleias, associações, sindicatos, clubes de serviço, enfim, inúmeras instituições que podem nos dar o poder de agir e reagir. Fazer parte do jogo do poder. Participar, politicamente, daquilo que nos é de direito, a representatividade e a atuação. A cidadania é algo que tem que ser praticada.
Em nossa vida, se não tomamos os lugares que nos dizem respeito, outros tomam. Se não somos capazes de agir, outros agem. A liberdade que nos é de direito tem que ser bem usada, quando estamos discutindo temas de interesse coletivo. E são muitos estes interesses.
O preconceito que criamos em relação a política acaba por nos afastar destes espaços. Muitos consideram que são locais de manobras que veem nascer o líder político orgânicos e se formar mais um homem público que irá manipular a vontade coletiva. Isto tem sua verdade e também não pode ser generalização. Precisamos de novas lideranças que expressem os interesses coletivos, isto é vital para a sociedade. Quanto mais participarmos, mais estaremos perto das lideranças que escolhemos. Nós podemos e devemos ter e exercer a força de mantê-los ou tirá-los.
Não demos nos omitir. Este tipo de ausência, o vazio que deixamos desocupados, vai se tornando espaço de outras pessoas. Eles usam em benefício próprio o que abandonamos. Pior, muitos ainda consideram que devemos extinguir estes lugares por serem inúteis. Se há um elemento inútil, não é a associação, o conselho, o sindicato ou o clube de serviço, somos nós e nossa paralisia e parasitismo. Não fazemos nada e desejamos benefícios que não ajudamos a conquistar. O problema, muitas vezes, somos nós.