Por que se fala tanta bobagem? Porque não há peso para se sentir o tamanho da bobagem que se fala. Por que alguns fazem o que querem? Porque nunca sentiram o peso de ter que pagar por um erro que cometeram. Assim escolher é fácil.

Estamos rodeados destas crianças que nunca tiveram que viver a beira da fome ou só ter ela como companhia na mesa com pratos vazios. Os que nasceram se lambuzando confundem o desejo mais pueril com prioridade. A medida de maturidade de um ser humano é a capacidade de renúncias que teve que fazer em suas escolhas.

Os adultos de hoje, sem generalizações, mas com muitas regras, já são fruto da potencialização dos direitos sem deveres. Nunca aprenderam nada a fundo, apenas gostavam da leveza de viver a vida sem que ninguém lhes mostrasse a verdade sobre a vida que tem. Pais excessivos criaram idiotas irredutíveis.

Conheço um número significativo de senhores e senhoras que engrossam as fileiras de adultos mimados. Descobriram que por serem consumidores assíduos da parafernália dos bens contemporânea, eles adoram quem os bajule e faça ficar rasa a análise de aparência mais profunda. Muitos ainda confundem seus filhos com bonecas e suas vidas domésticas com “brincadeira de casinha”.

Não sei se já esteve diante do dilema entre ter que falar a verdade ou agradar alguém. Esta é uma condição muito comum agora. Os mimados pagam não só por produtos e serviços, mas também pela sensação de uma inteligência que descaradamente lhes falta. Como crianças mimadas só querem ouvir elogios mesmo quando são merecedores de críticas e repressões.

O que lamento é o preço que se paga pela liberdade que não se tem. O direito de ser respeitado já foi uma condição que custou cara para muitos. A conquista da independência foi obtida ao preço de muitas renúncias. Agora, há um bando de mimados livres sem ter perdas porque os que se prejudicam com seus excessos estão encurralados pela maturidade de ter ciência das consequências do que fazem.