Um levantamento feito pela Great Place to Work (GPTW) mostra que 60% das pessoas que estão no mercado de trabalho estão ansiosas porque temem perder o emprego. 56% tem sua ansiedade devido a mudança da rotina na vida do trabalho e pessoal trazida pela pandemia. Já, a metade das pessoas entrevistadas na pesquisa não conseguem conciliar a vida doméstica com a vida profissional.
A ansiedade atrapalha a produtividade, pode ferir uma vida profissional de forma silenciosa. Há preconceito em admitir que se tem o problema e, desta forma, 80% dos que não manifestam e 50% dos que sabem não buscam tratamento. Sendo que metade de quem busca abandona nas primeiras semanas.
As pessoas temem admitir que o momento que estamos atravessando exige mais do que elas estão preparadas. A cadeia de relações que se alteram e se alteram durante a pandemia é extensa e intensa. Quando não podemos tratar dos problemas de forma adequada e tudo se mistura, torna-se difícil lidar com as emoções.
Como compreender que em determinado momento não temos o controle da situação e não podemos antecipar um sofrimento. Aprender que as coisas devem ocorrer em seu momento e não podemos gerar expectativa do que ainda não aconteceu. A ansiedade é viver antecipadamente um fato que não ocorreu ainda e tem uma possibilidade de nem chegar a ocorrer. Ele existe mais em nossa mente do que na vida real.
Mesmo que tudo o que a nossa ansiedade antecipe emocionalmente venha a ocorrer, chegará com nossa capacidade emocional desgastada e em condições piores do que poderíamos enfrentar se estivéssemos mais equilibrados. Sofremos antes, durante e depois.
Os gestores precisam começar a se preocupar com isso. A forma mais adequada é gerar transparência nas relações e demonstrar respeito ao capital humano da empresa. Não adianta fazer pressão e exagerar na dose do terror acreditando que isso vai acelerar a produtividade. A tal da pressão que muitos administradores consideram necessária para tirar os colaboradores da “zona de conforto”. Não é saudável tirar do “conforto” e colocar no “inferno”.
As pessoas precisam neste momento de sentimento de autoestima, acreditarem em seu potencial e que não estão sozinhas. Serem valorizadas na atividade que exercem e demonstrar que há um projeto de futuro no qual elas estão incluídas. Logo, para se combater a ansiedade é necessário se ter um propósito.
Onde a ansiedade impera pode ocorrer um contágio. Dentro do ambiente de trabalho o ansioso acaba por contaminar os colegas de trabalho e alterar as relações de grupos e equipes dentro da organização. As pessoas que estão na empresa podem ser um termômetro importante para detectar o ansioso e conduzi-lo para um tratamento adequado.
O que vale lembrar é que este é um momento em que muitos estão vivendo a ansiedade. Não é algo raro e nem significa que você está andando na contramão das coisas. Apenas não vai chegar a lugar nenhum sendo ansioso. É preciso buscar tratamento. Em toda a doença, o começo de superá-la é admiti-la. Não só para quem tem, mas para quem convive com pessoas que estão com o problema.