Barão, messias e seus fiéis
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Opinião

Barão, messias e seus fiéis

Por Gilson Aguiar em 15/07/2019 - 08:00

Tenho uma preocupação com o que temos hoje com as receitas prontas para salvar a nossa vida. A propagação dos manuais de conduta. Como se pudéssemos resolver os nossos problemas com um ato mágico. Resolver os dilemas de sua existência mentalizando que elas não existem. Há quem diga que podemos dar o peso que quisermos as coisas. Logo, a preocupação em crescer diante dos problemas se transforma em diminuir o problema e deixa-lo do tamanho de sua pequenez. Empobreça o mundo para que ele caiba dentro de uma cabeça medíocre.

Isto me lembra a obra “As Aventuras do Barão de Munchausen”, as histórias fantásticas de um militar alemão que conta suas peripécias saindo dos problemas com ações inusitadas. Um vendedor de ilusões. Em uma das suas ações surpreendentes, ele cai com seu cavalo em uma areia movediça. Olha para os lados e não vê nada e ninguém que possa salvá-lo. Não há problemas! Ele salva-se a si mesmo se puxando pelo cabelo e sai da areia movediça. Esta é a expressão do que estamos vivendo hoje.

Vendemos a ilusão de que isso é possível. De que, independente do problema que estamos atravessando somos capazes de sair dele por nossa própria conta. Independente dos nossos limites. Rebaixamos a inteligência para dar aos incompetentes a esperança de que sozinhos eles podem tudo. Mas continuam não significando nada.

Travamos uma guerra contra a ignorância. Ela vai nos custar caro. Porque os tolos se multiplicam e ganham líderes que espelham suas necessidades. Viajamos nas mirabolantes histórias de incríveis mudanças. Como nos contos do Barão de Muchanusen. Ele, por sinal, de uma lenda, seria hoje considerado um guru, capaz de apontar soluções práticas para causas perdidas.

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