Ele chega, causa medo seus passos pela casa, ela conhece e sabe, terá sorte se tudo não passar de uma discussão. Mesmo assim, será ofendida. Mas, a mágoa é dor menor diante das lembranças que o corpo e alma guardam em forma de cicatriz e medo.
Este é um temor que grande parte das mulheres vivem e sentem. Passam por isso. A coragem de denunciar não é tarefa fácil. Pode ser, na busca de sair do problema, um ato de extremo risco. Há a vingança do agressor quando se vê denunciado e punido.
Em determinado momento do dia, ela resolve ir à delegacia da mulher e fazer a denúncia. Vai cheia de medo. Se encontrar um ambiente que não a apoie e valorize seus sentimentos, tudo pode dar errado.
Em Maringá, há uma polêmica na troca da delegada que dirige a delegacia da mulher por um homem. Isto altera o trabalho feito pelo órgão público? Eu acredito que sim. Não estou condenando todos os homens a uma visão machista, seria generalizar e não reconhecer o avanço de muitos em relação a questão de gênero.
Infelizmente, a formação profissional no aparato de segurança no Brasil continua vinculado ao perfil de valorização da figura masculina. Esta realidade está em processo de mudança. Contudo, ainda não chegou no ideal.
Mulheres entendem melhor as mulheres? De uma maneira geral, se podem dizer que sim. Sempre bom lembrar que há uma mentalidade machista também em mulheres que foram educadas a aceitar a imposição masculina. Quantas mulheres que na busca de dividir sua angústia como vítima de violência não teve conselhos de aceitar a submissão vindo de outra mulher?
Mas, de uma delegada(o) da mulher se espera sempre a capacidade de ser um agende de respeito a igualdade de gênero e defender a causa das mulheres. Um profissional com esta qualificação é fundamental.
Desta forma, por mais que a questão de ter uma um profissional homem ou mulher à frente de uma delegacia possa parecer um “detalhe”, não é. Neste momento, no país onde estamos, faz toda a diferença.