Lá vem o preconceito quando se fala que os brasileiros não gostam de trabalhar. Não é verdade. Em uma pesquisa feita pela empresa de comunicação GetVolp, a jornada média de trabalho no país é de 43,5 horas semanais. Em um levantamento com 44 países, o país ficou à frente de Dinamarca, com 38,3 horas semanais, França, com 40,5 horas e Estados Unidos, com 43 horas.
O nosso principal problema é a produtividade do trabalho. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), temos um terço da capacidade de geração de riqueza do padrão internacional, com base na força de trabalho norte-americana.
Logo, ter emprego, trabalhar e ser produtivo são condições que se integram de forma distinta. Faz parte de uma mesma realidade e não representa eficiência e resultado.
Para podermos ter uma panorama mais amplo, o levantamento da Agência de Classificação de Risco Austin Rating, usando dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra que o Brasil terá este ano uma das maiores taxas de desemprego do mundo. Indo na contramão da tendência mundial. A taxa de desemprego global está caindo de 9,3% em 2020 para 8,7% em 2021. No Brasil saímos de um desemprego de 13,5% em 2020 para 14,3% em 2021.
Se queremos libertar os brasileiros do crescimento da pobreza, da desigualdade econômica extrema e da dependência da assistência pública para remediar a vida, temos que investir em qualificação. Gerar eficiência na produção, investir no futuro. Preparar as próximas gerações para que não tenhamos uma reprodução constante dos ambientes de miséria.
Enquanto não entendermos a importância da qualificação para a vida pessoal e profissional não vamos progredir. O culto a utilização de uma mão de obra de baixo custo acaba por resultar em uma produtividade medíocre. O que para muitos gestores é economizar pagando pouco, na prática, em longo prazo, é perder oportunidades, colocar em risco o futuro da empresa e jogar dinheiro fora, literalmente.
A mentalidade pobre na gestão de pessoas compromete o desenvolvimento do país. O imediato acaba por ser o determinante da orientação do comportamento dos empresários. Competitividade exige aprimoramento, eficiência e produtividade. Tudo o que o trabalho no Brasil não gera. Fora isso, estamos aumentando o número de desempregados Logo, a perspectiva não é boa.