Você pode considerar estranha a afirmação, mas na prática se casa com empolgação e se separa com determinação. Gostar da festa e dos primeiros anos de união não significa resiliência, paciência para conviver com outra pessoa.
Os números não mentem. Em 2020, um índice histórico levantado pela Estatística do Registro Civil, ligado ao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que no Paraná foram mais de 45,7 mil casamentos, já o número de divórcios foram mais de 22,5 mil. Ou seja, para cada dois casamentos, um divórcio. Metade dos que casam se separam. A tendência já vem se acentuando desde 2013.
“O pavio está curto” e conviver é um ato cada vez mais egocêntrico. Um casal se torna cada vez mais dois seres separados que vivem juntos. Não se que renunciar aos desejos e vontades e planos por um outro. Por sinal, nunca se sentiu tanto a convivência com um “estranho” como aquele que em um altar se jurou conviver para sempre, na saúde ou na doença.
Nos casamos com uma projeção. Nos encantamos com a estética. Nos apaixonamos por um produto de mercado divulgado para ser consumido. Todo o produto na vitrine esconde entre selfs o seu lado mais sombrio. Conviver diariamente faz desmanchar a ilusão. Logo em uma sociedade em que não se suporta a frustração.
Deveríamos nos casar mais tarde? É uma possibilidade. Os casamentos com mais de trinta anos têm tendência maior de duração. Mas, no sonho da felicidade imediata, a construção de uma relação estável ao longo de um bom tempo não é opção. Precisamos repensar isso.