Casta em crise
Imagem ilustrativa/Pixabay/domínio público

Opinião

Casta em crise

Por Gilson Aguiar em 22/10/2019 - 10:15

Casta em crise

A formação do poder no Brasil é marcada pela construção de uma casta política. Um grupo de elementos que ascenderam ao governo e se colocam acima de todos e tudo. Se tornam senhores e se alimentam do controle da máquina pública. Para o bem ou para o mal manipulam o poder em benefício próprio, de si e de seus aliados.

A ascensão destes senhores se dá na proporção em que criam em torno de si um grupo de clientes, aliados, dependentes. Ao subirem ao poder levam consigo seu apadrinhados. Organizam dentro da máquina pública seu curral e vão ampliando seu poder na medida em que vai crescendo sua influência de acordo e troca de favores.

Ilusão considerar que este perfil de homem público é algo contemporâneo. Está na construção do Estado brasileiro ao longo de sua história. Remonda do período da colônia a formação da sede de governo com a transferência da corte portuguesa (1808) e a formação do estado nacional brasileiro. Se sucedeu na formação da autoridade e se propagou pelos poderes. Não é algo do poder executivo ou legislativo, está também no poder judiciário.

Muitos desta casta política constroem sua história na herança, na permanência oligárquica e no populismo carismático ilusório. No discurso manipulador da massa, na fantasia caricata da expressão popular sem fundamento. Fala simplificada para explicar problemas complexos que não se resolvem, manipulam a ilusão da massa ignorante na afirmação de que está tudo sob controle.

Temos que construir um país fundado na representação necessária, racional, lógica e eficiente. Parar com a ilusão fatal que temos da identificação sem sentido e do personalismo fantasioso. Não há heróis. Há seres humanos. Pessoas que precisam demonstrar através da política interesses de representatividade honestos e que levem a solução de problemas, a superação de nossas dificuldades e não a manipulação de nossa miséria.

Estes país precisa acordar e entender que muito do que consideramos mudança é permanência. De que o que apostamos como algo novo é a velha forma de fazer o poder. Não adianta ficarmos olhando para os jogadores do poder a espera que um “salvador” venha nos tirar do atoleiro de mentiras. Temos que entender a lógica do jogo para muda-lo a nosso favor. Temos que aprender a jogar para vencer e nunca viver de uma promessa de vitória que nunca virá das mãos de quem faz parte de uma casta sustentada no vício do poder.

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