Como no campo, depende do que cultivamos.
A cultura é campo fértil. Sim, como nas produções agrícolas, quando se cultiva a terra, se cuida da semente e se espera que a planta cresça. Dependendo do solo e dos cuidados, tudo indica que se terá um bom resultado, uma semente pode virar uma árvore frondosa.
Assim, a sociedade é um campo fértil. Nela se cultiva comportamentos, ações, valores, práticas, “saberes” que se tornam os ingredientes necessários para que determinados comportamentos floresçam e se desenvolvam, ganham forma e se destacam.
Não por acaso, o que parece florescer em determinadas sociedades, valores que ganham força, comportamentos que são valorizados, em outra isso não ocorre. O que se ambiente com facilidade e eficiência, gerando eficácia em determinados ambientes, podem não ter a mesma condição em outro.
Aqui é que se busca compreender o sentido que se dá a determinadas ações. Muitas ganham relevância que pela lógica racional não se explica, mas quando se tem um olhar mais atento ao que está associado à ação que se observa, se percebe que os valores associados a tornam relevantes.
Cultura não é racionalidade, por mais que tenha lógica.
Por isso, nem tudo o que a razão considera lógico, necessário, mais eficaz, pode ter o mesmo peso se analisarmos pela ótica das tradições, da afetividade, ou do valor moral associado ao comportamento. Vamos dizer que, o que “pega bem” fazer em um determinado meio social, pode não “pegar bem” em outro.
Mesmo as mudanças de comportamento dentro da sociedade, por mais que necessárias, não se alteram na mesma velocidade e no mesmo sentido. Quantos atos podemos considerar importantes na ação, necessário pela lógica racional, mas conflitante pela lógica moral.
Agora, estamos em tempos de eleição. E, claro, há os pronunciamentos dos candidatos a seus eleitores. A busca de conquistar o voto, de se chegar ao tão desejado cargo eletivo, seja no executivo ou legislativo. Contudo, o eleitor tem seus critérios de escolha. E, diante disso, este critério tem uma forte carga de valores culturais.
Logo, por mais que se fale de uma campanha pautada na racionalidade da função que o eleito irá exercer, por mais que se analise de forma racional os problemas sociais e econômicos que se deve tratar, não é somente estes fatores que determinam a escolha.
Saber manipular os valores culturais é uma condição determinante para quem deseja ser o escolhido. E, a forma de se comportar vai além do que se fala, é também ao que se associa o candidato, ao que ele pretende e age nos atos mais simples da vida cotidiana. É preciso buscar identificação com os modelos culturais dos eleitores.
Por isso, essa é a condição a que você está assistindo. E, esta condição tem seu preço. Afinal, ao termos critérios para nossas escolhas, estamos validando uma relação de identificação que tem muito a dizer sobre nós.
Sendo assim, a cultura é um fator determinante e que, nem sempre, tem a atenção que merece.