Um levantamento do IBGE de 2019 mostra que o desemprego no Brasil é de 11,2%. Hoje, 11,9 milhões de pessoas estão na população desocupada do país. A maioria são jovens. Entre os que têm 18 a 24 anos, o desemprego tem um índice de 27,3%. A maioria dos desempregados têm uma escolaridade baixa, destaque para os que abandonaram o Ensino Médio, 20%. As mulheres compõe a maioria dos desempregados, elas são 53,3%.
A desqualificação entre os jovens dá um sinal de que o futuro da força de trabalho no Brasil não será melhor. Muitos estão a procura de emprego e não se encaixam naquilo que é ofertado. 60% das vagas de trabalho ofertadas nos últimos dois anos não foram preenchidas por desqualificação dos candidatos. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad).
A busca por um oportunidade de trabalho tem de ser acompanhada pela qualificação. O aprimoramento da força de trabalho é uma via de mão dupla. As pessoas devem desejar a qualificação, ela deve ser ofertada pelo poder público ou privado. No meio do caminho se deve estabelecer um diálogo constante sobre necessidades e condições de qualificação.
O trabalho precisa ser condição vital na formação dos jovens no ambiente doméstico, no ritual de iniciação para a vida adulta. Aquilo que gerações já tiveram ao longo de sua formação. A independência de um indivíduo está no ingresso do mercado de trabalho. Sem isso, não há vida e capacidade de realização dos desejos. Se rompeu o elo vital entre trabalho e poder de consumo, realização das necessidades materiais.
Temos um descaso com a qualificação. Não entendemos que o que estamos colhendo hoje é a crença de que o trabalho seria duradouro e estável ao longo de uma vida profissional. Isto funcionou para os nossos avós, mas agora não mais. Vivemos tempos de vida curta para o trabalho, para os bens de consumo e para as pessoas. Temos que incorporar isso. Entender que esta é uma condição que predomina na atualidade.
Sem uma ação atenta a qualificação, ao aprimoramento e a integração ao trabalho, nada irá acontecer. Vamos ficar cada vez mais a margem de uma sociedade que é significativamente cruel com aqueles que estão excluídos pela falta de acesso aos bens de consumo. A infelicidade do que não pode ter é proporcional a busca de quem tem acesso aos bens e serviços na sociedade de consumo.