Desemprego tem desqualificado como descartável
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Opinião

Desemprego tem desqualificado como descartável

Por Gilson Aguiar em 20/10/2020 - 07:36

Ande um pouco pelas ruas e logo você vai perceber a quantidade de pessoas que estão em condição de vulnerabilidade no país. Hoje são mais de 6 milhões de brasileiros na extrema miséria. Os pedintes aumentaram visivelmente. Não por acaso o país tem hoje 32 milhões de pessoas subsidiadas, recebendo algum tipo de auxílio financeiro do poder público. 

O desemprego no país atinge 13,8 milhões de pessoas, 14,3% da população economicamente ativa. E lembramos que “desemprego” aqui são desocupados. Pessoas que literalmente não tem qualquer atividade remunerada. Todos estes dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Da mesma fonte, hoje 10 milhões de brasileiros não sabem se vão ter comida a manhã. 5 milhões já passaram mais de dois dias da semana ou mais sem comer. 

A vulnerabilidade das pessoas têm histórico e perfil. A grande maioria tem baixa qualificação, vive em áreas de risco historicamente, a mais de duas gerações, tem um grande número de filhos, o que aumenta o risco de dependência. Esta população é preta ou parda, mulheres são a maioria do grupo, os com menos de 25 e mais de 60 anos de idade são os mais vulneráveis. 

Para o mercado de trabalho o índice de produtividade desta população é baixo. Logo, sua contratação e demissão são de fácil procedimento. Estão sempre disponíveis e podem ser descartados com a mesma facilidade que são contratados. As empresas que os contratam são informais, micro e pequenas na sua maioria, não os registram e tem remuneração baixa. Muitos ganham menos que um salário mínimo. 

Logo, a economia brasileira tem um movimento constante de empreendimentos de curta duração por ter um capital humano perecível e pouco resiliente. Não há planejamento algum da vida, apenas se vive ao saber do momento. Em tempos de crise aguda como a que estamos vivendo, o risco é imenso e os números de fatalidade também. Para piorar, esta população não tem como ficar em casa, se arriscar, afinal é uma questão de vida ou morte. O número de óbitos por Covid-19 e de pessoas que acabam sendo contaminadas não terá um perfil muito diferente. 

Se queremos mudar a realidade da sociedade brasileira, temos que melhorar a qualificação humana. Preparar uma geração inteira para que as próximas décadas tragam pessoas que enfrentam a crise com mais capacidade pessoal e não precisem ficarem expostas aos subsídios governamentais e a manipulação da miséria. Uma ação que ajudaria a superar muitos dos nossos males.

 

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