Este país é desigual? Isto é nítido. Os números confirmam o quanto e como lidamos diariamente com a discriminação. Ela está em todos os lugares. No trabalho, na vida privada, onde estivermos notamos e muitas vezes colaboramos. Precisamos mudar isso.
Só para termos uma ideia do que é a discriminação das mulheres no mercado de trabalho, mesmo representando 54% da força de trabalho no país, o que é 15% a mais do que a média internacional, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil ainda é um país com uma desigualdade de remuneração significativa em comparação com outras nações no mundo. Segundo dados do Relatório Global sobre Lacuna do Fórum Econômico Mundial, entre 150 nações, o país ocupa a posição 130.
Mais que isso, a violência contra as mulheres no ambiente de trabalho é nítida, um levantamento do Instituto Patrícia Galvão e Locomotiva mostra que 76% das mulheres já sofreram algum tipo de agressão dentro do ambiente profissional. O que vem a demonstrar que se “naturaliza” a desigualdade. No caso das mulheres pretas esta é uma condição mais sensível. Um levantamento da empresa Triwi mostra que 24% das corporações não têm mulheres pretas em seu quadro de funcionários.
Dados do Observatório da Diversidade e da Igualdade de Oportunidades no Ambiente de Trabalho, um trabalho conjunto do Smartlab que é uma plataforma da Organização Internacional do Trabalho e do Ministério Púbico do Trabalho (MPT) mostram que a média salarial do um trabalhador branco, em 2017, era de R$ 3,3 mil, de uma mulher branca era de R$ 2,6 mil, de um homem preto era de R$ 2,3 mil e de uma mulher preta era de R$ 1,8 mil. Uma desigualdade significativa.
Quando a questão eram cargos de liderança dentro das empresas, segundo os dados, os homens pretos eram apenas 29%. O que demonstra uma pretensão clara a trabalhadores brancos quando se fala de cargos de comando dentro das corporações.
Dados do IBGE, de 2019, mostram que os pretos e pardos são 64,2% da população desocupada e 66,1% da população subutilizada. Entre os informais, os pretos são 47,3%, enquanto os brancos são 34,6%.
O rendimento médio da população branca, segundo o levantamento do IBGE, é 73,9% maior que o da população preta. Mesmo quando falamos de formação superior os brancos ganham 45% mais que os pretos e pardos.
Entre os 10% com menor renda no Brasil, os pretos e pardos representam 75,2% do total. Já quando se fala dos 10% dos que tem melhor renda, os pretos e pardos são apenas 27,7%.
Com certeza você já se deparou com estes temas. Sabe desta realidade no mundo corporativo. O quanto dentro das empresas reflete os problemas sociais e isso é um limitador para o desempenho dos empreendimentos dentro do país e seus parceiros externos. Sim, não pense que a desigualdade atrapalha apenas o mercado doméstico. Tem relações com os empreendimentos no exterior.
Temos que aprender a lidar com os problemas e entendê-los como algo cotidiano. Precisamos mudar, onde estivermos. Cada qual com seu ato fazendo muito ao se comportar melhor onde estiver e com quem conviver.