Há uma visão limitada sobre o que estamos atravessando. Esta história de termos que escolher entre a saúde ou a economia esconde um problema crônico no país. As condições da produção da riqueza. Hoje, a maioria do Produto Interno Bruto (PIB) é produzido por médias e grandes empresas. Elas não empregam a maioria dos brasileiros, mas dominam os melhores salários.
A grande maioria da mão de obra de baixa qualificação e com menor renda está nas micro e pequenas empresas. As médias e grandes empresas tem os melhores salários e os mais qualificados. Uma condição que não é generalização mas uma tendência.
Os mais frágeis na saúde são os mesmos frágeis na economia. Não há escolha entre saúde e economia. As duas vão mal faz tempo e já passou da hora de qualificarmos as pessoas para darmos condições de renda que impeçam sua fragilidade a qualquer tipo de crise, seja ela qual for.
Se temos agora um grande número de infectados de baixa renda e ficamos com o drama da quantidade de pessoas mortas e assistimos por alguns governantes o desprezo a vida, o fato não é novo. Ele só era expresso de forma homeopática, agora está colocado na mesa de uma vez só. Causando horror aos mais míopes.
É infantil demais falar sobre uma crise como se ela trouxesse condições novas. O que estamos vivendo ressaltou velhos problemas. E são eles o responsáveis por este número assustador de contaminação e óbitos pela Covid-19. Mais que contornamos o problema agora, o que é necessário, é pensarmos em uma solução definitiva para os problemas que geraram este ambiente desolador.
Outra questão ligada ao mesmo problema é o debate sobre o novo normal. Para algumas pessoas nunca haverá o novo, porque as condições de sobrevivência são velhas conhecidas. Mesmo para as lideranças do país, em sua parte considerável, a normalidade será tratar as velhas questões e dilemas da mesma forma que se trata, desprezando. Isto tem que mudar.
Se temos eleições este ano. Aposto na reconstrução do país do jeito certo. Nos projetos de solução dos velhos problemas, não só do que a crise trouxe à tona. O que mantém esta “ponta do iceberg” são problemas que permanecem a gerações e hoje apontam para o futuro como uma certeza, isto não pode mais acontecer.