Educação, uma retórica ou uma prática?
Educação é coisa importante. Educar faz parte da vida e sem um conhecimento mínimo daquilo que é necessário para se viver e se manter a sociedade minimamente organizada nós perecemos. Se nos descuidamos de educar, formar, qualificar, aprimorar, podemos nos dar mal.
Uma sociedade é frágil quando é limitada na capacidade de produção de sua vida. É sempre bom lembrar disso.
Por isso, educação é coisa séria, por mais que uma parte considerável da sociedade não lhe dá o devido valor. O tema passa longe da preocupação diária de grande parte da população. E, vale a pena lembrar, não é uma questão de renda, é uma questão de valor mesmo.
Agora estamos de volta com a reforma no ensino...
E não é de hoje que os especialistas discutem a educação e qual a melhor forma de educar. Buscam discutir qual seria o perfil de uma educação mais adequada as pessoas e a sociedade.
Há aqueles que defendem a necessidade de manter a sociedade e aprimorá-la. Fazer da educação um instrumento de eficiência da vida social. Deixar a convivência e capacidade de produção da vida mais elaborada e capaz.
Por outro lado, há aqueles que defendem uma educação transformadora, que rompa com os mecanismos de violência, preconceito, desigualdades sociais. Uma educação que discuta comportamento, valores, costumes.
Nos dois casos, se estabelece uma importância significativa a educação. Ela pode ser a consolidação do que temos ou a ruptura do que vivemos.
Na história do país a educação já sofreu inúmeras reformas. Após a Proclamação da República (1889) elas se intensificaram, ainda mais a partir dos anos de 1930. O país viu no banco escolar um local de formação de um brasileiro necessário e possível e passível de ser controlado.
Mas, o que as pessoas querem da escola?
Pais falam de uma educação de qualidade. Porém, quantos desejam mesmo uma escola intensa e densa na vida de seus filhos? Uma educação que venha a trazer para dentro de sua casa temas que necessitam ser discutidos e que tocam fundo nos hábitos nocivos de uma família.
Um exemplo simples, a violência doméstica, a agressão de homens sobre mulheres. Quantas instituições de ensino podem se transformar no ponto de partida na conscientização sobre o tema.
A própria educação da criança e a busca de protegê-la contra a agressão do adulto. Isto é um tema sério. Precisa ser respeitado e a escola deve participar disso.
Outro tema que devemos ficar atentos na escola é a questão ambiental. Os problemas de agressão a vida. O quanto temos comportamentos nocivos.
Por fim, devemos discutir tudo isso junto. Devemos nos preocupar com a educação constante e necessária. Lidar com a vida de maneira integral. A educação não pode ser compartimentalizada. O ser-humano é uma pessoa só, mas é uma totalidade de relações que não podem ser desmembradas.
No fundo, as inúmeras reformas para que servem?
O que está em voga e sempre se tem como ponto de discussão é a educação básica e a técnica profissionalizante. Um tema de debate antigo e recorrente. Um ser educado para o trabalho ou com senso de formação generalista.
No fundo, precisamos de pessoas qualificadas tecnicamente, é um fato, mas precisamos de pessoas com capacidade de compreensão da realidade com mais racionalidade e menos instintivas. O papel da escola também é este.
A educação boa, de qualidade se mede pelo potencial de mudança das crianças ao frequentarem a escola. O como elas iniciam uma jornada de compreensão do mundo e vão demonstrando dentro do ambiente familiar o trato com diferentes temas.
Se estas crianças tiverem pais com capacidade de estimular o pensamento e apoiarem a educação dos filhos, a educação irá dar certo, muito mais que os grandiosos projetos de reforma que se defende a todo o momento.