Quando éramos inteligentes
Na França revolucionária, prestes a Revolução Francesa (1789), a Assembleia Nacional Constituinte estava dividida. E a posição geográfica dos deputados dentro da Assembleia deixava clara também o seu posicionamento político.
A esquerda ou à direita do Rei, ao centro ou os montanheses ao alto, tudo era possível de ser lido pelo ambiente físico. O caminho da França dependeu destes posicionamentos para ser traçado, e assim foi.
A os girondinos e jacobinos estavam nas suas posições defendendo um projeto de país, um conceito de ser humano, diante de uma realidade que mudava de fato o destino da população. O que mais tarde se demonstrou o destino da humanidade.
Neste ambiente literalmente revolucionário se construiu uma história de progresso, um rompimento da tirania em defesa da liberdade. Não por acaso, na divisão da trajetória da humanidade há um “antes e depois” da Revolução Francesa.
Foi nesse ambiente que se traçou a definição de esquerda e direita, a qual se manteve sóbria por mais de duas décadas. Tendo seu último e grande suspiro ideológico durante a Guerra Fria (1945 a 1989).
Matamos a inteligência
Agora, o termo esquerda e direita virou uma geleia amorfa. Um “Frankenstein” que não se reconhece em si pelo conjunto da obra, mas se lembra de diversas faces pelos seus detalhes.
O monstro ideológico da atualidade é remendo da ignorância e não uma construção inteligente. Como nas igrejas, que se multiplicaram ao sabor do mercado, as definições ideológicas não atendem mais a uma visão de mundo, mas a cegueira particular, a miopia de cada um.
Lamentável termos chegado a este momento. Os rótulos dos ignorantes decretam sentenças, condenam, discriminam e geram violência. Colaboram para um aumento da polarização que identifica frequentadores de shopping center que compram tudo pela embalagem e não pelo conteúdo.
Logo, se a “esquerda e direita” do passado revolucionário era a expressão da inteligência superando a ignorância, hoje, o conceito de “esquerda e direita” é a máxima expressão da ignorância enterrando o mínimo de lucidez.