O escritor israelense Yuval Noah Harari tem uma série de obras sobre o comportamento do homem contemporâneo. Mas, sem dúvida, a mais impactante, no meu ponto de vista, é “21 lições para o Século 21”. Nela, o autor busca analisar e desvendar as relações sociais na atualidade e os desdobramentos para o futuro da humanidade neste século.
Analisando temas como trabalho, desenvolvimento tecnológico, controle e convivência social, no capítulo 13 de sua obra, Guerra: nunca subestime a estupidez humana, ele trata da violência. Uma demonstração de como o renascimento da agressão desmedida é um mal que ressalta nossa falta de lucidez.
Vivemos tempos e alimentamos a ideia de que podemos atingir a paz promovendo a violência. O extermínio armado se generalizou no Século XX com muitos conflitos, inclusive com duas guerras mundiais.
Este século, estamos presenciando a “violência molecular”, como afirma o ensaísta alemão Hans Magnus Enzensberger. Os conflitos generalizados que ocorrem diariamente. Os nossos conflitos urbanos, como o que assistimos nos grandes centros de grandes e médias cidades. O conflito entre o crime organizado e o aparato de segurança. Fora, os conflitos do dia a dia da vida urbana e nossas demências particulares.
A “justiça pelas próprias mãos” e nossos critérios pobres do que é o “certo” e o “errado” gera cotidianamente um grande número de agressões e o extremo de homicídios. Não por acaso se propaga a ideia do “bom cidadão” armado em defesa dos seus interesses.
Seria uma tolice acreditar que a violência gera paz, gera mais violência. Quem anda armado tem sempre a intensão de usar a arma que tem. Não há boa intenção em que se prepara para a guerra que não seja agir para atacar ou reagir com força a uma suposta ameaça, nem sempre real.
Se deveríamos melhorar, ficarmos civilizados, orientarmos nossas ações por princípios que contenham nossos instintos, resolvemos despertar o animal que há em nós. Geramos possibilidades para que nossa fragilidade lógica seja destituída em nome do sentimento animalesco de defender nossos interesses e espaços.
Se as pessoas querem conter a violência, se defender da agressão, não podemos multiplicar possibilidades de agressão como a fabricação de armas em larga escala e a divulgação da lógica torpe de que ser um agressor fará as pessoas te deixarem em paz.