Há quem acredite no ditado de que “a vida deve ser vivida um dia atrás do outro”. Há também quem ame a frase “Viva hoje como se fosse o último dia de sua vida!”. Este sentimento de alucinação pelo imediato é cada vez mais comum. Esta é a sociedade do “stand up”. Invente alguma coisa hoje e vamos ver no que vai dar.
Esta prática não é a valorização da vida como alguns anunciam de “boca cheia”. A raiz da lógica do viver o agora sem se preocupar com o depois é a busca do suicídio lento. Um tremendo desprezo a vida e ao seu significado. O descomprometimento com uma proposta para se viver e deixar como legado. Covardes quase sempre não querem compromisso, mesmo que seja consigo mesmo.
O endividamento dos brasileiros é um reflexo desde desprezo a vida, ao futuro. A falta de um compromisso. Aquilo que infelizmente se incentiva todos os dias em parte das propagandas alucinantes dos momentos inesquecíveis que acabam no esquecimento assim que foram vividos.
O engraçado que a mídia publicitária trabalha com termos como “experiência única”, “você não será o mesmo depois disso ou aquilo”, “isso ou aquilo vai mudar sua vida”, “feito para você”, enfim todas as formas de hipnose da fraqueza humana incapaz de construir algo seu e necessitada de uma receita que lhe dê significado existencial.
O endividamento dos brasileiros não deixa de ser, em parte, resultado desta lógica do aqui e agora. Quando falamos em controlar nossas finanças e buscar uma vida com mais resultados econômicos parece que tudo se resolve ao sentarmos e fazermos contas, colocar na ponta do papel. Mas o que precisamos mesmo anotar em uma folha é a nossa razão de viver e o sentido que a vida tem como primeiros passos para uma jornada de sucesso financeiro.