Nunca gostei das definições sobre gerações que representam mais rótulos do que substância. Se empacota uma geração, se carimba com uma definição baixa e se quer acreditar que como em capítulos podemos esperar o futuro traga ao melhor e forma de rebentos.
A questão não é geracional. Ela está no que sustenta o ambiente de mercado que tem vendido respostas prontas para problemas complexos. Nossa sociedade mercantilizou sentimentos e definiu a felicidade como se define um produto. Da mesma forma que se classifica a sociedade pelos bens adquiridos, a felicidade passou a ser algo que se tem ou não.
Não por acaso as pesquisas de felicidade se multiplicam. O que é ser feliz, no passado, era um estado momentâneo, associado a condições da vida que permitiam por um momento finito um sentimento de plenitude. Agora vendemos este sentimento como se ele fosse eterno e somos obrigados a adquiri-la como um produto. A tal da obrigação de ser feliz.
As redes sociais estão cheia de sorrisos registrados em selfs, de corpos definidos e lugares arquitetados que nos transformam em vasos decorando a felicidade. Empobrecemos a definição e perdemos o real sentido de ser feliz.
Um estudo feito pela Dalloite, agência especializada em avaliar os chamados “millenials” e a Geração Z demonstra que eles estão estressados e ansiosos. Que tudo é por causa das pressões que a sociedade impõe sobre o futuro. Uma sociedade que exige respeito ambiental e cobra relações humanas. Mas os millenials e a geração Z descobriu que há um futuro e que se pode envelhecer. A solidão rodeada de objetos não é o futuro que se espera, mas é a felicidade que se vende.
Não só os mais jovens que vivem o temor do futuro que faz desencantar a felicidade enlatada. Todos estamos sujeitos a isso. O desmonte do ambiente de potencialidade do indivíduo tende a acabar quando se percebe que a solidão cobra seu preço. Mesmo com objetos lhe fazendo companhia, todos com o que há de mais estético da humanidade, não serão capazes de substituir o ser humano.