Na filosofia clássica, de Sócrates, Platão e Aristóteles, se considera que uma das virtudes humanas é a capacidade de controle da emoção pela razão. Não se deve se deixar levar pelos desejos imediatos e o comportamento “reto” deve ser determinante.
Agora vem o Carnaval. A partir desta sexta-feira, o ambiente de festa esperado por muitos convida a se divertir, esquecer a realidade, e “se permitir”, como muitos dizem.
Porém, até onde podemos nos deixar levar.
Carnaval já foi e ainda é associado a promiscuidade. Conceito que se tem que ter cautela. Afinal, a excessos e exageros no termo.
Um dos excessos que infelizmente cresce no Carnaval é a importunação sexual. No Paraná, o ano passado, houve um aumento de 24% em comparação com 2021. O fim das restrições por causa do abrandamento da pandemia trouxe consigo este excesso.
As principais vítimas são mulheres entre 13 à 25 anos. Os dados estão no Relatório de Ocorrências do Estado do Paraná e tem sido acompanhado de perto pela Secretaria Estadual de Educação, Defensoria Pública do Paraná e pelo Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (NUDEM).
A Justiça ainda discute até onde se pode punir e como se define a importunação. Mas, considero que não é só a física, aquele que envolve o toque. Puxar o braço, um beijo ou abraço forçado, passar as mãos e partes íntimas e muito mais. Deve-se levar em consideração a importunação verbal e o assédio visual.
Para alguns seres humanos, em especial os homens, o abuso e os excessos no Carnaval são considerados um direito. Voltamos a retórica do “se permitir”, do achar que pode tudo.
Mas, vale ainda a máxima dos gregos, a razão deve dominar a emoção e evitar os excessos. A boa conduta virtuosa é o respeito ao outro e não agir sem concessão. Logo, para “se permitir” deve-se considerar se dá parte do outro há permissão.