Quando falamos de independência, da emancipação, sonhamos com o rompimento das amarras, da opressão, de não vivermos sobre a opressão. Porém, não podemos confundir com autodeterminação com autossuficiência. Nós precisamos saber que a necessidade da relação com os outros é fundamental. A qualidade destas relações podem ser discutidas. Mas não rompidas.
Hoje é dia de lembrar a independência do país, o “7 de Setembro”. A semana da pátria, que por causa da pandemia não será comemorada com a mesma intensidade e se quer terá desfile e homenagens públicas. O país convive com uma pandemia que é mundial e que, na relação com outras nações, importou o problema assim como contribui para sua propagação. Não por acaso, brasileiros que desejam ir para o exterior não são bem vindos por causa da Covid-19 que faz um estrago no país.
A dependência é uma relação necessária e constante. Tem seus agravantes como agora. A troca de necessidades e soluções move nações e pessoas. Nossa condição é fruto de uma dependência necessária e saudável, seja a pátria ou cada um de nós. Logo, a história ufanista de autossuficiência é uma balela imensa.
O nacionalismo deve significar o amor a pátria de forma inteligente, não com uma construção alucinada de quem não enxerga a dimensão de quem se ama. Triste conviver paixões que cegam e nada constroem. Apenas sufocam tamanha a intensidade do que tira a razão e os atos conscientes.
Temos que aprender, tanto pessoas como nações, a viver em um mundo com diferenças e complementações. Contudo, também com identidades próprias. Ninguém é igual a ninguém. Não se compara nações, não se compara pessoas. O que outros conquistaram depende de contextos e circunstâncias próprias. Não significa aceitar, não significa ignorar e nem compreender a trajetória de outras nações e pessoas. Porém, para qualquer mudança é fundamental entender a si mesmo, uma nação como qualquer ser humano deve se conhecer profundamente.
Logo, a independência tão desejada não se dá de forma isolada. Porém, deve ter a cautela do respeito e a garantia da dignidade. Aprender a ser em si o que se quer, mas não achar que para qualquer objetivo que se almeja não vamos precisar dos outros é uma grande tolice. Temos apenas que colocar respeito ao que somos e respeitar o que os outros são. Fazer trocas justas e colaborações necessárias, sem que nada custe a nossa própria liberdade e autodeterminação.