Cidades inteligentes têm saneamento
Discutir as cidades é tema ousado. Falar sobre a vida nos ambientes urbanos é assumir suas contradições. Difícil agradar a todos, mas necessário ser o melhor possível para a maioria.
Gerenciar as necessidades urbanas é saber ocupar um espaço e fazer dele possível para atender as necessidades da população que o habita. Sem esquecer que há cidades que são vivas e se transformam com o tempo. Há as que pararam no tempo, se desfazem, o que também é mudança.
Cidades são como camadas que se acumulam ou se desfazem. Há registros nos espaços urbanos que falam do passado e apontam problemas crônicos. Contudo, nem todos são atentos e percebem estes detalhes pelos espaços urbanos.
Logo, as transformações urbanas não são só positivas.
Ontem, em um dos painéis do II Fórum Estadual de Gestores Públicos, Paulo Takito, co-fundador da Urban-Systems, fez um raio-x rápido das cidades brasileiras. Falou da falta de saneamento como um problema crucial na maioria das cidades brasileiras.
Para ele, não adianta inclusão tecnológica, discussões sobre segurança e transporte, sem uma das principais condições de vida no ambiente urbano não existir, o fundamento da ocupação saudável de uma cidade.
Segundo o Instituto Trata Brasil, 12% das residências brasileiras não têm saneamento básico, o que significa mais de 27 milhões de pessoas. E esta condição tende a crescer se não se tornar uma prioridade na gestão pública.
Para Takito, não planejamos o crescimento urbano de forma adequada. Não paramos para pensar que uma cidade precisa ter claro onde quer chegar e como quer. E não pode esquecer que deve planejar espaço para todos, em especial para a população de baixa renda.
O resultado da falta de investimento em infraestrutura básica demonstram não falta de inteligência, mas burrice. E o futuro irá cobrar pesado pela exclusão de parte considerável da sociedade dos planos de uma cidade para o futuro.