Ambição e inveja são coisas humanas.
A ambição não é pecado, inveja é. Mas, porque temos uma visão negativa do ambicioso e do invejoso. Bom, para isso, é bom esclarecer do que estamos falando.
A inveja, se formos buscar a definição do dicionário teremos a Sensação ou vontade indomável de possuir o que pertence a outra pessoa: ela tem inveja do trabalho da outra; ele tem inveja do seu chefe. Mas, pode ser também o desprazer causado pela felicidade ou pelo progresso de outra pessoa: ter inveja da prosperidade de alguém.
Enfim, a inveja está direcionada para outro ser humano. Jogada para aqueles que queremos estar em seu lugar. O foco é a pessoa que está acima, que tem o que não temos e desejamos por ela ter e nós não. A coisa é pessoal e não condicional.
Bom, a ambição é a busca de algo, de vivenciar uma situação que consideramos nos fazer melhor por critérios específicos, ligados a condições que desejamos viver ou ter. Buscamos um andar acima, ou muitos deles.
Ambição pode ser um mal também.
Contudo, ter o que se deseja tem um custo, e ele se traduz no quanto estamos dispostos a pagar para ter o que se quer? Sim, porque querer é algo que muitos querem, poder e dever aí é outra história.
Uma lógica nos faz perceber os riscos da ambição. Ela em si não é um mal, mas como vamos realizar o que ambicionamos pode ter um preço amargo. Aí, claro, você pode me perguntar, “Amargo para quem?”
Quando vamos buscar o que queremos pode-se limitar a ambição pelos princípios, ou seja, o que denominamos como. Não se faz qualquer coisa para se chegar onde se quer, nem todo o meio vale para se alcançar um determinado fim.
Já, há que valorizar o que nós denominamos de “finalidade”. Ou seja, o que conta no final é se atingiremos o que desejamos e isso é o que conta para alguns ambiciosos. O que devemos traçar para atingir o objetivo, o objeto de desejo.
A ponderação ética necessária.
Assim, o que coloca na inveja uma condenação e na ambição uma limitação é as consequências da ação. Quem será afetado pela inveja ou ambição? Entre os envolvidos, quantos terão prejuízos sem ter escolha pelo ato de busca para se realizar o que se quer.
Há outras pessoas envolvidas nas ações que tomamos. Na vida cotidiana, na sociedade complexa às quais pertencemos, as outras pessoas estão integradas a nós e a aquilo que praticamos, em todas as direções. A complexidade é grande e isso conta.
Os seres melhores são aqueles que são capazes de perceber a cadeia de relações que envolvem seus atos, sua condição de existir, e o que dela há a participação de um grande número de pessoas. O que, para essas pessoas, se deve ter como medida para o ato. Considerar a movimentação que gera a ação no processo de reação dos que estão à nossa volta.
Mas, somente a visão complexa das relações que se tem não contam. Há que se ter valores que permeiam, orientam, legitimam o que se deseja fazer. O ato deve ter um sentido, logo, há que se estabelecer critérios para a ação. Este critério não pode ser apenas a vontade do agente, mas as consequências para os afetados.
Assim, a ambição se limita e a inveja se combate.