Não adianta ter liberdade sem qualificação. Do que nos serve o poder de decidir, de fazermos da nossa vida algo de nosso interesse, se não sabemos lidar com os efeitos que ela promove e a sua dimensão. Uma vida que se estenda por muito tempo traz resultados para muitas pessoas além de nós mesmos. Logo, nossos atos, quanto mais irresponsáveis, trazem efeitos danosos para os outros.
Em uma sociedade onde cada vez se vive mais, qual o sentido de uma vida inteira? O que vamos fazer com tanto tempo para viver? Se não tiver uma resposta lógica e responsável para isso, se vive ao acaso. Isto é arriscado. Não é um risco apenas para quem vive, mas para quem convive também. As pessoas que estarão ao nosso lado e receberam os efeitos de uma vida desregrada.
Acredito que o principal problema no Brasil, assim como em diversas partes do mundo, é a falta de sentido da vida. Uma dificuldade de se construir um projeto de vida em longo prazo. Algo que nos acompanhe e nos leve a uma lógica desenhada pela nossa existência. O que não significa não mudar, mas demonstrar maturidade ao longo do tempo.
A educação, o conhecimento científico, técnico, pode ajudar nisso. Mas a vivência humana é o elemento chave. A cultura por exemplo tem um papel fundamental nesta história. O que as pessoas vivenciam e qual o valor que elas dão a esta vivência? Esta é a questão chave. O que une o saber e o viver integraliza o ser humano.
Qualificar os brasileiros é uma ação importante. Não simplesmente lhes passar conhecimento. Temos que dar sentido ao saber que se dá ao ser humano. Ter o potencial de entender o lugar onde se vive e intervir com qualidade para sua melhora. Transformar a experiência em matéria prima da ciência e do uso e aprimoramento tecnológico. Mudar a si mesmo e o lugar onde se frequenta.
Se fizermos isso, investirmos na qualidade humana, teremos uma sociedade muito melhor. Parte considerável de nossos problemas são superados pela própria liberdade das pessoas. Elas faram de suas vidas escolhas maduras. Poderão intervir ao longo de sua existência na vida de outras pessoas e provocar transformações qualitativas.
Por isso, não podemos temer a liberdade. Temos que saber aproveitá-la porque somos responsáveis pelas escolhas que fazemos. A qualidade humana dá a liberdade um poder singular de transformação não só de cada um, mas de todos nós. Busque a sua liberdade e aprenda com a vida feita de escolhas.