O ser humano é um ser social e político. Esta é uma máxima aristotélica, antiga e desgastada. Mas uma prática constante. A gente se cansa da solidão. E as restrições com a Covid-19, você se lembra? Acredito que já se esqueceu ou faz questão de não lembrar, porém, nos fez valorizar a relação com os outros. Percebemos no isolamento que a solidão cansa. Por mais que tenha alguns que adoram se isolar, nem todos por muito tempo.
Os chineses vivem momentos ainda de forte intervenção na vida social em relação a Covid-19 por parte do Estado. As restrições impostas pelo governo e o temor da proliferação da doença ainda preocupa. O Estado conseguiu colocar medo na população. E aqueles que viajam para ou na China não são vistos com bons olhos, se teme a propagação da doença.
Mas quem é que consegue fazer alguém ficar isolado por muito tempo?
Os chineses resolveram o problema da solidão com os aplicativos de namoro. Através de relacionamentos gerados por relações virtuais, eles e elas conseguem viajar pelo país, fazer de encontros oportunidades de sair do isolamento, evitam os hotéis e vão para o particular. Fora isso, fazem negócios, compram e vendem. Disfarçados na aparente busca de um amor se consegue a liberdade.
Falo isso para lembrar que qualquer medida de restrição a liberdade tende a ruir. A força que represa o direito das pessoas e tenta fazê-las virarem como fantoches ou marionetes se rompe. Toda a repressão será vítima da reação à força que controla. Muitas vezes a reação vem silenciosa, mas vem.
Não vale a pena viver sem o sabor da vida. Preservar a vida não vale a pena se o preço é não viver. Não ter o sabor da liberdade é viver sem alimentar a vida de sentido. Logo, quem pode conter o desejo de viver? Apenas nós mesmos, se aceitarmos que nos controlem.