Não se iluda com quem sempre tem uma resposta pronta para os problemas. Por trás da conduta aparentemente positiva está a construção de um poder permissivo. Vamos entregar nossa capacidade de solucionar nossas vidas e ficamos na dependência eterna de quem nos mantém vivo.
O Brasil formou ao longo do tempo o seu autoritarismo em bases de dependência. O comando dos chamados “senhores do poder” está na capacidade de submeter parte considerável da sociedade aos seus interesses através do controle da sobrevivência. O que mantém as pessoas é o que o mandatário controla.
A economia regional em diversos cantos do país é sustentada pelo trabalho em um empreendimento privado. O chamado coronelismo que marcou o jogo político na Primeira República (1889 a 1930) foi fundado no controle dos grandes proprietários de terra sobre a população que trabalhava direta ou indiretamente em suas terras.
O pacto de fidelidade se mantém não por acordo comum, mas por falta de possibilidade de quem é submetido à ordem do senhor do poder. O que marcou a primeira fase da república ainda marca o cotidiano dos brasileiros na atualidade.
Poderes sustentados nesta lógica não tem produtividade e progresso, cheira mal. Promove violência e miséria. A nossa história é a comprovação desta lógica. Podemos observar pelo passivo social que criamos. A imensa quantidade de brasileiros que, desqualificados, vivem às margens, à sombra, do comando de micro ditadores.
Este mal não é só do comando do poder político ou uma expressão da economia brasileira. É também uma lógica da vida doméstica. Daqueles que submetem quem está ao lado para garantir sua autoridade e impor seu controle. A miséria facilita a manipulação.
Precisamos lutar pela liberdade das pessoas, pela emancipação através da autonomia na construção da própria vida. Os seres humanos precisam ter liberdade para construir o que desejam e não caminhar sobre estradas impostas e que vão dar sempre no mesmo lugar, na perda de dignidade humana.