Liberdade não tem preço
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Liberdade não tem preço

Por Gilson Aguiar em 15/11/2024 - 08:30

República de cima para baixo

Hoje lembramos da república. Em 15 de novembro de 1889 se colocava fim à monarquia. O movimento que permitiu essa mudança esteve longe das mãos das classes populares, distante de uma sociedade participativa e senhora do seu próprio destino. A sociedade brasileira tinha seus senhores. De certa forma ainda tem.

A república é em si o resultado da permanência do que da mudança. Mesmo tendo sido proclamada pouco mais de um ano depois da abolição, seria inconsequente dizer que ela caiu por causa do fim do regime escravista. 

Ao longo do tempo a república teve instabilidade, dissabores, golpes e contragolpes. Constituições se sucederam no regime, da primeira, marcadamente favorável a uma oligarquia detentora do controle econômico através do poder agrário-exportador, as mudanças autoritárias de regimes militares que discursavam para salvar o país do regime comunista, um perigo que nunca existiu. 

Amadurecemos muito nos últimos quarenta anos. O fim do regime militar e a implantação de uma Constituição em 1988 abriu espaço para a representação política. Precisamos exercê-la com mais eficiência. Preservar e cuidar da liberdade de expressão e de escolha. 

A democracia se mantém, apesar das pessoas.

John Locke, o pai do liberalismo, considera que o problema da crise política nunca é a representação, nunca a liberdade de escolha. Podemos escolher mal, podemos refazer nossas escolhas. Mesmo assim, o governante, diante de uma crise de eficiência ou traição da vontade popular, deve ser substituído pela escolha popular.

Mas, estamos falando de um liberal clássico inglês. Aqui, entre nós, a liberdade nunca foi a prioridade de governar. Eliminar o direito de se expressar ou reprimir a liberdade é prática que se abusou em diversos momentos da história republicana. 

Com certeza, se queremos preservar a república democrática e uma sociedade fundada em direitos, temos que preservar a liberdade. Ela é inegociável é condição fundamental para aprendermos a conviver com as diferenças.

 

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