Agora, vejo estampado nas páginas sociais a glorificação e exaltação religiosa do atual governo. Da mesma forma que se fazia nos tempos do petismo dominante. A defesa do homem público e de sua gestão se assemelha a lógica da religião. O “salvador” está no poder. Combates o mal com o próprio mal.
Quando o ex-presidente Lula foi preso, em sua defesa, seus apoiadores colocaram o nome dele em seu sobrenome. Era a incorporação da divindade da “vítima perseguida” pela crueldade da Justiça. Lembro das inúmeras vezes que se fez acusações contra opositores do governo petista por estarem desacreditando um governo do povo. Não estamos fazendo a mesma coisa agora?
Podemos ter na democracia a diversidade de ideias. Ela é fundamental. Podemos fazer as avaliações mais variadas do momento que estamos vivendo. Contudo, não podemos perder a racionalidade da condição do país. Ele está letárgico. Não reage economicamente e politicamente. As contas do governo vencem e o dinheiro arrecadado não dá e as reformas não saem. Isto pode acabar mal.
É preciso, de forma urgente, discutir a governabilidade do país. Não podemos deixar a sociedade sem uma resposta de fato para aquilo que se transformou em esperança de mudança pelo voto. Há que se mudar. Mesmo que o caminho, inicialmente, seja difícil e impopular. Tirar direitos nunca agrada. Criando um futuro mais justo e com oportunidades, se justifica.
Tem que haver reação. Se isso não acontecer, o país pode mergulhar em uma crise ainda maior do que já viveu nos últimos anos. Além de ter uma economia que continua estática, ver as dívidas públicas aumentarem e os serviços decaírem ainda mais. A ingovernabilidade e incerteza crescendo afastam investimentos. Se desenha um quadro de recessão maior.
Uma interpretação apaixonada, radical, beirando o messianismo não resolve. Apenas nos cega diante de uma realidade que necessita de pessoas conscientes e capazes de agir da forma correta. Vamos olhar para as coisas como são e não como gostaríamos que elas fossem. Porém, sempre em tempo de crise se espera um milagre ou nos apaixonamos por falsos profetas.