Não sou fã do atual presidente. Seu perfil enquanto a maior autoridade do país me constrange. Mas não nego, tem uma parte de sua equipe de ministros de um excelente padrão. Paulo Guedes e Sérgio Moro, dois personagens que ilustram bem o que o governo tem de melhor. Talvez o presidente deveria ser mais eficiente para justificar politicamente os atos necessários da economia.
Vivemos em uma país acostumado com o Estado máximo. Criamos uma nação em torno do poder da máquina pública, nem sempre tão pública assim. O Brasil se fez mais pela força da imposição do que pela representação das forças sociais. Sejam elas quais fossem ou são. Fomos paridos pelo Estado Nacional e não parimos a pátria. O autoritarismo é um hábito maior que a liberdade de escolha.
Nossa dificuldade com a democracia vem desta condição de nascimento. Nos acostumamos a nos submeter ao poder público, a cumprir o ritual de mando sem ocupar os espaços de protagonismos que toda a democracia deve ter. Quando temos problemas concretos para serem resolvidos, a democracia pode dar lentidão a solução. Também, ela, é a condição única de reação sem imposição e de forma duradoura. O mercado de trabalho, trabalhador e sua qualificação, são um dos temas importantes neste ambiente.
Mês passado o governo gerou mais de 48,4 mil empregos. É o melhor índice dos últimos 3 anos. Um bom sinal. Contudo, entre 2002 e 2013 o Brasil gerou em média, mensal, de mais de 170 mil postos de trabalho. Se fizermos uma comparação simples, sem levar em conta o contexto dos dois momentos, podemos concluir que estamos longe do ideal.
A avaliação da nossa realidade deve ser colocada no contexto, tanto em extensão como em intensidade. Estamos melhorando e começando a dar sinais de recuperação da maior crise vivida nos últimos três anos. Não é uma melhora de resfriado ou gripe. Acabamos de sair da UTI. Esta nossa crise econômica foi agravada por uma crise política que ainda tem seus rescaldos. Ainda dá para sentir o cheiro de “podridão” que exala das relações ilícitas de poder.
Por mais que não tenha simpatia alguma pela pessoa ou personagem do atual presidente. Por que,às vezes, me confunde o que o mandatário da nação fala. Não sei se por acreditar ou querer gerar impacto político sem sentido lógico, fica caracturesco. Excessivo e desnecessário como foi um dos seus antecessores. Não podemos colocar as nossas vidas em um palco, um teatro. Ela é uma realidade que nos é cara e não se resume em trocas inúteis de farpas por coisas sem valor.
Emprego é um fato real. Investimento na expansão do mercado de trabalho, de empresas, de negócios, na qualificação das pessoas, são necessidades. Isto não se resolve com canetadas e falas ao vento e sim com a ação. Precisamos de comportamentos que nos levem a uma recuperação sólida e não ilusória. Nunca me esquecerei do momento de euforia e sensacionalismo populista dos dois primeiros mandatos do governo petista. “Todos” passaram a ter crédito e o confundimos com renda. Agora, nos endividamos. Temos que pagar a conta.
Fomos nós mesmos que recebemos pelo correio o cartão de crédito envolto em sedução consumista. Depois, desiludidos e endividados, buscamos uma solução oposta de vida e ficamos irritados pela limitação dos gastos, cortes, perdas. Uma coisa não se separa da outra. O que temos neste momento é a busca de uma solução. Temos que mudar o estilo de administrar nossas contas e nosso existência. O governo federal está em busca disso para não cairmos mais nos mesmos erros. É o que esperamos.